Vigário Episcopal para o Clero e Formação encontra-se com agentes da pastoral de São Jorge. No sábado foi escolhido o novo ouvidor
Mais de oitenta agentes de pastoral, na sua esmagadora maioria leigos implicados nas diversas frentes pastorais nas 13 paróquias de São Jorge, participaram esta segunda-feira à noite na primeira assembleia de ilha do ano pastoral, que decorreu no auditório da Escola Secundária da Calheta.
“Foi uma reunião participada em que o novo Vigário para o Clero e Formação, padre José Júlio Rocha, falou da dimensão sinodal da Igreja e da necessidade de uma maior participação e compromisso de todos” informa uma nota da ouvidoria jorgense, enviada ao Sítio Igreja Açores.
A conferência, que partiu do episódio dos discípulos de Emaús, “o que se revelou muito interessante”, a página do Evangelho de Lucas em que se conta a história dos discípulos que caminham com um companheiro de viagem que não reconhecem no imediato, mas a quem contam as suas desilusões e as causas do seu sofrimento, foi “uma forma interessante” para recuperar o lugar e o sentido da conversação nas nossas diferentes relações pessoais , fazendo, ao mesmo tempo, um apelo à responsabilidade comunitária do cristão.
De resto, “o caminho e o caminhar juntos” é a metodologia proposta para o itinerário pastoral diocesano do próximo biénio centrado na esperança, em sintonia com a Igreja Universal que celebra o Jubileu 2025, com o lema “Peregrinos da Esperança”.
Na carta enviada a toda a diocese, da qual o novo Vigário Episcopal para o Clero e Formação fez eco, o bispo de Angra pretende que o próximo Itinerário pastoral possa ser o reflexo de um caminho de discernimento conjunto, envolvendo sacerdotes, religiosos e leigos, entre eles os jovens, “aproveitando as dinâmicas criadas” pela Jornada Mundial da Juventude de Lisboa.
Segundo D. Armando Esteves Domingues, todos precisam de “fazer caminho, talvez lento para ser seguro”, mas decidido e “com o olhar fixo numa Igreja mais comunhão, mais participação e com a missão mais partilhada”, segundo o antigo princípio eclesial: “o que diz respeito a todos, por todos deve ser discutido e aprovado”.
No início do primeiro ano pastoral do seu episcopado -a entrada solene na diocese foi no dia 14 de janeiro deste ano- o bispo de Angra convida a olhar para a pastoral diocesana e “renová-la a ‘partir de baixo’, das pessoas, dos problemas de cada dia, para começar a ganhar forma uma Igreja sinodal”, e fazer dos conselhos, grupos paroquiais, secretariados, “uma escola de escuta e partilha”.
“Desejamos que o Plano que se traçar parta das bases: iniciar uma prática que faça escola para o futuro, em que iremos sempre melhorando. Agora será onde possível, no futuro será em todas paróquias; sugere-se que, no futuro, cada paróquia, grupos de paróquias, de zonas ou Ouvidorias, movimentos, etc. procurem refletir e elaborar um Plano próprio, identificar necessidades e eleger uma ou outra prioridade, seja na formação laical e dos ministérios vários, na Liturgia, caridade, catequese ou outras”, desenvolveu o prelado na carta agora citada em São Jorge pelo padre José Júlio Rocha, que voltou a frisar que 2023/24 será como um ‘tempo zero’, que exige a mobilização de todos.
“Este Plano para 2023/24 será como um ‘Tempo Zero’ para, depois, olharmos os seguintes nove anos até aos 500 anos da nossa Diocese que procuraremos dividir em Planos plurianuais”, afirmou desafiando os agentes de pastoral a animarem-se e a amarem-se como Jesus manda, aproximando-se e caminhando lado a lado.
A ouvidoria de São Jorge, que também já escolheu o seu novo ouvidor, o padre Dinis Silveira, vai agora escolher e formar os diversos órgãos de participação sinodal, optando pela criação de conselhos interparoquiais (dado o modelo de distribuição de paróquias entregues a cada sacerdote e a sua proximidade) e o conselho pastoral de ouvidoria, sempre “na lógica do trabalho de equipa e de corresponsabilidade”. Simultaneamente, ficou o compromisso de se formar uma Escola de Formação de ouvidoria, que reunirá pelo menos uma vez por mês com temas e reflexões de formação base dos cristãos. Numa primeira fase pretende-se que o sacerdote seja o primeiro animador da pastoral criando lideranças de proximidade entre os leigos.
O novo ouvidor de São Jorge foi escolhido no passado sábado pelos seus pares da ilha. São Jorge tem seis sacerdotes, distribuídos por 13 paróquias. O novo ouvidor é pároco no Topo, em Santo Antão e Vigário Paroquial do Curato da Fajã de São João. Ordenado há 16 anos, o padre Dinis Silveira é doutor em Direito Canónico pela Pontifícia Universidade gregoriana de Roma e Capelão Magistral da Soberana Ordem Militar de Malta.