João Silva é natural dos Mosteiros, São Miguel, e vai ser ordenado sacerdote a 27 de junho
É e foi porventura o candidato ao sacerdócio mais alto que o Seminário alguma vez teve (1,99m), mas questionado se vai ser um grande padre prefere dizer, com simplicidade, que vai procurar ser um padre “próximo, disponível para a escuta” e, sobretudo desejoso de “fazer caminho com a comunidade ao encontro do bom Jesus”.
João Silva é um dos três seminaristas, aluno do 6º ano do Seminário Episcopal de Angra que vai ser ordenado no próximo dia 27 pelo bispo de Angra, na Igreja de São José, em Ponta Delgada. Natural dos Mosteiros, paróquia da maior ouvidoria da diocese- Ponta Delgada- será mais um fruto do Seminário de Angra.
“Estou grato a esta comunidade como estou grato à minha paróquia”, refere na entrevista que deu este domingo ao programa de Rádio Igreja Açores. Ao completar o último ano de estudos não esconde que “sem sempre foi fácil”, concretamente no inicio em que “sentia falta dos amigos e da família”. E apesar da escolha ter sido natural- “desde criança que dizia que queria ser padre”- o jovem micaelense teve de contar com alguma resistência familiar, “mais do lado do pai, talvez por ser menos ligado às coisas da Igreja”. Foi na avó materna que encontrou a primeira mestra da fé e foi com ela que aprendeu a rezar. Mas, adianta, “a entrada para o grupo de acólitos e a forma como fui acolhido foram muito importantes”.
Do seu caminho ao encontro de Deus recorda os momentos de Adoração ao Santíssimo Sacramento: “ali sentia-me bem”, confessa.
“Desde Criança ia todos os domingos à missa, participava na catequese, alguma coisa me chamava e a minha realização pessoal passava por este caminho com Jesus. Este é o meu sonho maior: aventurar-me neste caminho, com os altos e baixos” refere.
“Acho que esta é a parte mais decisiva para o caminho: sentirmos que é por aqui que passa a nossa felicidade”, esclarece.
“As dúvidas fazem parte e fazem-nos crescer e amadurecer; mas temos de sentir que estamos felizes e é essa felicidade que eu encontro todos os dias”.
“Quem entra no Seminário não sabe se alguma vez vai chegar a padre” dispara para desvalorizar as desistências, não porque não se acredite no caminho e em Deus mas porque pura e simplesmente não se é feliz.
“Temos de aceitar isso, mas o que quero dizer aos jovens, como testemunho, é de que é um caminho muito desafiador”, diz ainda nesta entrevista que precede a ordenação sacerdotal de três jovens seminaristas de Angra.
“O que mais me assusta? Errar, tenho medo de não saber tomar as decisões certas” refere.
“Considero-me um bom ouvinte e gosto de ser conselheiro; sou sociável e gosto de estar junto das pessoas” afirma ao salientar que, muitas vezes, é “indeciso” porque tem medo de errar”. Mas, isso não o afastará do seu objectivo: “ser capaz de promover uma pastoral de proximidade: as pessoas precisam de pastores próximos que as acolham com defeitos e virtudes”.
“Deus precisa de nós, precisa de instrumentos”, refere.
Quanto aos desafios, afirma: “temos de olhar este tempo, que é dificil, como uma oportunidade. A pandemia pôs a nu problemas que já existiam, nomeadamente o decréscimo dos fieis, o seu pouco entusiasmo. Mas isto deve provocar-nos a criatividade e encontrar novas formas de evangelização”, conclui.
A entrevista a João Silva pode ser ouvida aqui no sítio Igreja Açores.