Por Renato Moura
Terminaram as férias; é inevitável o confronto com aquilo que se passa no nosso País.
Quase a iniciarem-se as aulas, reina a trivial confusão no sector da educação. Professores em luta intensa, ameaça de outras manifestações e greves. Sempre o filme de professores informados sobre a hora, da colocação longe de casa. Manigâncias para meter alunos em melhores escolas ou turmas especiais. Ministro experiente cada vez mais contestado.
Na área da saúde não faltam problemas. Sentimos as greves de médicos, enfermeiros, técnicos e outro pessoal. Tomámos conhecimento de investimentos que, há muito prometidos, se arrastam sem concretização. Direcções de hospitais demitem-se, não sem antes terem reivindicado, justificado, ameaçado e adiado; as soluções nunca chegaram.
O Observatório Português dos Sistemas de Saúde detalha muitos problemas no sector, referindo que a aposta na reforma do Serviço Nacional de Saúde “está longe de ser ganha” e quanto à área hospitalar vai mais longe e afirma que os resultados da reforma “são inexistentes”. O Observatório, constituído por uma rede de investigadores e instituições académicas que estudam sistemas de saúde, considera que a gestão das listas de espera “exige novas abordagens políticas”. Qualifica os cuidados continuados integrados como “longe de atingir a cobertura da população”.
Sobre os recursos humanos é apontada a falta de equidade na distribuição ao longo do país e a dificuldade em definir as necessidades de médio e longo prazo. Mas as ordens e os sindicatos do sector também se queixam da actual falta de profissionais e nisto concorda o Observatório, pois que a despesa com profissionais de saúde está abaixo da média dos países desenvolvidos.
Setembro trouxe o relambório dos processos mediáticos pendentes na justiça, que são muitíssimos e alguns arrastam-se há anos. Mesmo em segredo de justiça, a comunicação social vai revelando, tipo novela, tudo quando deles consta. Suspeita-se que muitos prescreverão, ou os arguidos morrerão, entretanto. A publicidade dada condena todos os arguidos e até os indiciados; pior é para os inocentes, para os quais uma tardia absolvição já de nada valerá. Atribuem-se culpas às leis, aos magistrados, aos advogados, aos funcionários judiciais, aos governos; mas passa o tempo e nada muda!
A acrescer, este ano, a bola começou a rolar e logo o Ministério Público assobiou para grande penalidade; ainda antes do Tribunal marcar, já se augura a expulsão de todos os jogadores e a suspensão por um período de seis meses a três anos.