Por Renato Moura
Início do processo de concretização da autonomia dos Açores. Dr. Álvaro Monjardino primeiro presidente eleito da Assembleia Regional. Legítimo presidente de todos os deputados; principal titular dos órgãos autonómicos. Todavia, depois de escrever e antes de proferir os discursos dos momentos mais solenes do Parlamento, levava-os à apreciação de todos os grupos parlamentares. A mais pura prática democrática: falar em nome de todos, em representação e na defesa consensual da Instituição e dos Açores.
A atitude do Presidente da Assembleia da República, na reprimenda ao Chega, foi desusada e inadequada. Nos termos em que foi feita, fácil de considerar abuso de poder no exercício da função. O Chega elegeu os seus deputados propalando ideias, propagandeando contestações, até propostas invendíveis. Obteve os votos contra partidos, comentadores, jornalistas. Abusa da demagogia e do populismo (não é o único!); mas também tem a coragem de dizer verdades. Larguíssima maioria do povo português não votou no Chega e dele discorda frontalmente. Todos tem o direito ao debate político. Quem quiser combater o Chega tem de provar onde não tem razão, demonstrar a inconstitucionalidade, ilegalidade ou falta de enquadramento regimental de algumas propostas. E o poder corrigindo o que está errado. Augusto Santos Silva pode abandonar a Mesa da Presidência e vir cá para baixo debater e vencer, se com argumentos.
O que Santos Silva não pode é astuciosamente usar do lugar como trampolim para uma candidatura, já perceptível, à presidência da república. Nem sequer com artifícios para arrancar palmas; nem com ardis inaceitáveis em antecipação de lista de apoio.
Também já parece indisfarçável o astucioso desejo de o Almirante Gouveia e Melo ser candidato à presidência da república. Do processo de vacinação saiu famoso. Nem tanto para ser bastonário da ordem dos médicos, ou dos enfermeiros! E ainda menos presidente nesta democracia civil. Exige-se atenção: o cargo de Chefe de Estado-Maior da Armada não pode ser habilidoso trampolim.
Os católicos ficarão felizes se se provar que os cardeais D. José Policarpo e D. Manuel Clemente (ou outros padres injustamente acusados) não tiveram a menor responsabilidade no processo de abuso de crianças, na Igreja. O Chefe de Estado sabe bem fugir de opinar sobre o que não quer. Neste caso não deveria ter formulado juízos. De Marcelo não são vistos como pessoais, mas influentes; nisto logo abusivos.
Deixemos a Comissão Independente funcionar e os tribunais ilibarem ou punirem.