Ares de outono, em jeito de primavera

O sínodo sobre a Família, que tem início no próximo domingo, na assembleia extraordinária em que participam 253 pessoas, 25 das quais mulheres, é uma oportunidade para promover um mundo mais fraterno

A agenda está longe de ser simples, nem se compadece única e exclusivamente com debates acalorados, sobre os temas fraturantes.

Casamento, moral sexual e evangelização, tendo como ponto de partida a família, como comunidade de amor, sem ser desprovida de tensão, são alguns desses temas sobre os quais os bispos de todo o mundo e o Papa vão refletir.

Não porque discordem da doutrina da igreja, a partir da indissolubilidade do matrimónio, mas porque percebem que o caminho só pode ser o do encontro.

O problema pastoral da família é muito amplo. Conhecerão os católicos bem os ensinamentos relativos ao casamento e à família, tanto os que derivam da lei natural como os que se encontram na Bíblia e no Magistério da Igreja?

E o que sabem sobre a oração em família e os sacramentos, a educação dos filhos e a transmissão da fé às gerações jovens e a missão evangelizadora das famílias na sociedade atual?

E o que dizer sobre as uniões de facto, as famílias monoparentais, o divórcio… mas também os casamentos forçados, a poligamia e os casamentos entre pessoas de diferentes religiões?

Pela primeira vez, o que se pede, objetivamente, é que os Bispos e o Papa estejam com a Igreja. Como na parábola do Bom Pastor: não são as ovelhas que têm de estar com o pastor, mas este tem de estar e cuidar do rebanho.

Portanto, este Sínodo se outra coisa não alcançar, tem para já, a grande virtude de ter partido de uma leitura do tempo presente, no que respeita à situação atual da família, que é questioná-la a partir das realidades concretas.

Desde o Vaticano II, nunca cessaram as controvérsias sobre estes assuntos que estão no caminho sinodal. Não serão extintas no próximo Sínodo.

No entanto, espera-se que a Igreja consiga dar respostas concretas a problemas concretos.

Foi o próprio Papa Francisco que deu algumas pistas sobre o que esperar: que os bispos ponham em relevo que a família é um bem para os indivíduos e para a sociedade. O que não quer dizer que a vida familiar seja um caminho de rosas. Como qualquer realidade humana, o casamento e a família estão cheios “de alegrias e esperanças, de fadigas e sofrimentos”.

O Papa quer que os bispos as estudem e apresentem soluções.

A proposta não poderia ser mais honesta.

 

 

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