O secretário-geral da ONU publicou a sua mensagem para o II Dia Internacional da Fraternidade Humana, que se celebra anualmente 4 de fevereiro, alertando para o aumento dos discursos de ódio e da intolerância.
“Em todo o mundo, vemos um aumento nos discursos de ódio, intolerância, discriminação e até ataques físicos contra pessoas, simplesmente por causa de sua religião ou crença, etnia, gênero ou orientação sexual. Esses atos hediondos são violações dos direitos humanos e afrontam os valores das Nações Unidas”, escreve António Guterres.
O responsável português critica, em particular, aqueles que “exploram as diferenças, traficam o ódio e instilam o medo do outro”.
A mensagem convida todos a refletir sobre “a importância da compreensão cultural e religiosa e do respeito mútuo”.
“Estou grato aos líderes religiosos de todo o mundo que dão as mãos para promover o diálogo e a harmonia inter-religiosa”, escreve Guterres.
O secretário-geral da ONU elogia, em particular, o documento sobre a fraternidade humana para a paz mundial e a convivência comum, assinado em 2019 pelo Papa Francisco e o grande Imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb, como “um modelo de compaixão e solidariedade humanas”.
“Precisamos desse espírito mais do que nunca”, acrescenta.
O responsável português sublinha que o mundo enfrenta uma sucessão de desafios, “do aprofundamento da pobreza e aumento das desigualdades ao conflito, divisão e desconfiança”.
“Vamos comprometer-nos em permanecer firmes contra o fanatismo onde e quando o virmos. Reconheçamos a nossa diversidade como uma riqueza que nos fortalece a todos. Vamos construir pontes entre as fés, inspirados pela nossa humanidade comum”, apela.
“E vamos unir-nos em solidariedade para criar um mundo mais inclusivo, pacífico e justo para todos”, conclui António Guterres.
A celebração é acompanhada desde 2011, por decisão da Assembleia Geral das Nações Unidas, por uma Semana Mundial da Harmonia Inter-religiosa (1 a 7 de fevereiro).
Em 2022, o tema é ‘Fé e liderança espiritual para combater o estigma e o conflito durante a recuperação da pandemia’.
O objetivo desta iniciativa é “promover o diálogo e a compreensão entre os seguidores de diferentes religiões, a fim de reforçar a harmonia inter-religiosa e a cooperação entre os povos”.
António Guterres recebeu em 2021 o ‘Prémio Zayed para a Fraternidade Humana’, distinção inspirada na declaração católico-islâmica que o Papa e o grande imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb, assinaram a 4 de fevereiro de 2019, em Abu Dhabi.
A outra galardoada foi a marroquina Latifah Ibn Ziaten, a residir em França desde os 17 anos de idade, fundadora da “Associação Imad para os jovens e a paz”, que recebe o nome do seu filho, assassinado perto de Toulouse em 2012, num ato terrorista.
(Com Ecclesia e Lusa)