Ano Santo é oportunidade para uma “profunda conversão espiritual da Igreja” chamada a “sair” para levar esperança ao mundo

Bispo de Angra abriu o Jubileu na Catedral e convocou “especialmente” os “artistas”, as “famílias”, os “jovens” e os “voluntários” que nas paróquias lidam com doentes terminais para serem “sinais de esperança”

Foto: Igreja Açores

O bispo de Angra presidiu esta tarde na Catedral diocesana à abertura do Jubileu da Esperança e convocou especialmente quatro grupos para um “especial protagonismo” para levar a esperança a todos os lugares vencidos pelo cansaço e pelo desânimo, a começar “junto à porta de casa”.

“A virtude cristã da esperança vai para além da religião e torna-se o próprio símbolo da condição humana” afirmou D. Armando Esteves Domingues na homilia da concelebração que decorreu na Sé de Angra, depois de uma curta peregrinação desde a Igreja da Misericórdia com clero, religiosos, serviços, movimentos e especialmente famílias.

Entre os grupos especialmente convocados estão os “artistas, os jovens, as famílias e os que nas paróquias cuidam de doentes terminais”.

“Começo pelos artistas: escritores, músicos, pintores, poetas e santos – sim, os que são capazes de explicar Cristo através de palavras simples, atitudes e imagens novas, – a serem, com o seu ‘dom’, “artistas da esperança” que os habita. Que a vossa inspiração ajude a um despertar para a beleza, a verdade e o amor de que tanto precisamos” começou por dizer, referindo-se depois às famílias como as “guardiãs da esperança” e aos jovens como “semeadores da esperança”, desafiando-os a participar ativamente nos dois momentos especialmente preparados com eles e para eles: a Via Lucis, que decorrerá em Ponta delgada, na quinta-feira do Senhor Santo Cristo, a 29 de maio e a Aldeia da Esperança, que decorrerá em São Jorge, na Caldeira do Santo Cristo, de 21 a 25 de julho.

O prelado diocesano deixou, igualmente um apelo especial aos voluntários que trabalham nas paróquias com doentes terminais.

“Sejam ministros da esperança” disse.

“Sede a Mãe Igreja que pega na mão, conforta e tranquiliza. Representai a comunidade que com eles sofre e reza. Num tempo em que se tende a negar ou esconder a morte, este pode tornar-se um verdadeiro ministério, até a ser oficialmente instituído, mediante uma formação específica” referiu procurando mobilizar neste grupo os Ministros da Comunhão, os Visitadores e Cuidadores.

“Que nenhum cristão deixe de fazer uma lista própria de pessoas ou ambientes onde é chamado a levar esperança. Há tantos, a começar à porta de casa! Oxalá nas paróquias, movimentos e por todo o lado floresça a criatividade para encontrar novas formas de se ser “peregrino da esperança”, para além das tradicionais propostas.

D. Armando Esteves Domingues afirmou, por outro lado, que o jubileu que agora começa, e que é um ano santo ordinário da Igreja,  será uma oportunidade para “nos abrirmos de par em par à esperança”.

A abertura do Jubileu foi feita na Catedral, a Igreja Mãe, e com uma peregrinação no meio da cidade, “onde os homens e mulheres são convidados a entrar no Templo para celebrar Cristo na Eucaristia”. À entrada para a catedral o bispo de Angra dirigiu-se ao batistério onde benzeu a água com que aspergiu a assembleia procedendo depois ao rito de entronização da Cruz.

“Vamos segui-Lo sem receios?” interpelou o prelado sublinhando que  “a cruz de cada dia, amada sempre, dar-nos-á o combustível espiritual necessário para alimentar a esperança em todas as circunstâncias. Ali, pendurados na cruz da misericórdia e do perdão, estão os nossos fracassos e pecados, mas também o sonho de que, `dando a vida por amor´ como Ele, possamos vislumbrar a meta que é a vida eterna. Seja Ele o centro do nosso Jubileu; seja Ele o primeiro peregrino que nos arrasta para o Pai; seja Ele quem preside a cada acontecimento, peregrinação ou celebração”.

“A graça do jubileu começou com o abrir as portas santas em Roma e o convite a abrir a porta do coração por vezes trancada”, disse ainda apontando para um duplo movimento neste ato de abertura de portas: “a Igreja que precisa de uma profunda conversão espiritual e a Igreja chamada a sair para levar esperança até às periferias de todos os aprisionados”.

O lema adotado na diocese para este ano santo é “Todos, todos, todos, caminhar na esperança”!

“A raiz da esperança relaciona-se com uma ideia dinâmica, uma viagem sem paragens e, por isso, nos dizemos peregrinos da esperança” esclarece afirmando que se trata de “um belo programa de vida: ser esperança viva, gente que nunca se rende ao negativo, à preguiça, ao desânimo, às injustiças”.

“Peregrinar, rezar, estudar a Palavra de Deus, celebrar e festejar juntos é um belo programa”, afirma ainda desafiando, por fim, cada diocesano a levar esperança “onde ela se perdeu, onde a vida está ferida, nas expectativas traídas, nos sonhos desfeitos, nos fracassos que destroem o coração, no cansaço daqueles que já não aguentam, na amarga solidão de quem se sente derrotado, no sofrimento que penetra na alma, nos longos e vazios dias dos presos, nos quartos estreitos e frios dos pobres, nos lugares profanados pela violência”.

Na concelebração em que esteve presente a maioria dos sacerdotes da ilha Terceira e muitos movimentos e serviços diocesanos, bem como as comunidades religiosas residentes na ilha, o bispo de Angra deu uma bênção individual a cada família, sinalizando desta forma a festa da Sagrada Família que se celebra neste domingo. Por fim, num gesto espontâneo deu igualmente a bênção aos sacerdotes presentes tratando-os por “estimados e queridos filhos” num momento de particular significado quando se lhes dirigiu dizendo que eram a “sua família, aquela que Deus lhe deu nos Açores”.

Este domingo, por indicação do Papa Francisco abriram em todas as dioceses do mundo as diferentes Igrejas Jubilares. Nos Açores, devido à dispersão geográfica foi aberta uma Igreja Jubilar em cada ilha. Francisco, bispo da Diocese de Roma, abriu também a porta santa da Catedral de São João de Latrão, na capital italiana, que celebra os 1700 anos da sua dedicação.

Em Roma, no dia 1 de janeiro de 2025 vai ser aberta a porta santa da Basílica de Santa Maria Maior, e no dia 5 de janeiro é a vez da Basílica de São Paulo Fora dos Muros.

Estas últimas três portas santas serão fechadas a 28 de dezembro de 2025, domingo, dia em que se encerra o Ano Santo 2025 nas várias dioceses.

A conclusão solene do Jubileu da esperança, com o encerramento da porta santa da Basílica de São Pedro, no Vaticano, acontece na solenidade da Epifania do Senhor, a 6 de janeiro de 2026.

A bula ‘Spes non confundit’ (A esperança não desilude) proclamou solenemente o início e fim das celebrações deste Ano Santo, entre 28 de dezembro de 2024 e 6 de janeiro de 2026, naquele que será o 27.º jubileu ordinário da história da Igreja.

Na noite da véspera de Natal, dia 24 de dezembro, Francisco presidiu à Missa, com abertura da Porta Santa do Jubileu 2025, na Basílica de São Pedro, e, esta quinta-feira, dia 26, o Papa abriu uma porta santa na prisão de Rebibbia, em Roma, num gesto inédito na história dos Jubileus, e presidiu à Missa.

O Papa Bonifácio VIII instituiu, em 1300, o primeiro ano santo – com recorrência centenária, passando depois, segundo o modelo bíblico, cinquentenária e finalmente fixado de 25 em 25 anos.

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