Mesa redonda sobre a misericórdia e Coro Allegro integraram a iniciativa

A Ilha Terceira celebrou este domingo o Jubileu da Misericórdia, reunindo todos os agentes da pastoral social – Cáritas, Vicentinos, Romeiros, Centros Sociais e Paroquiais e Misericórdias- e os agentes da pastoral da saúde – médicos, enfermeiros, auxiliares médicos, bombeiros, cuidadores, visitadores, voluntários, Ministros Extraordinários da Comunhão e movimentos de apoio à Pastoral da Saúde; Legião de Maria- de modo a concretizar uma peregrinação conjunta, em clima de fraternidade.
A iniciativa teve dois tempos: um na Igreja da Misericórdia com entrega das ofertas para os cabazes, seguida de uma mesa redonda sobre a realidade dos vários agentes- conhecimento e desafios.
Nesta mesa rendonda falou-se de pobreza, de dificuldades e de desafios, com diferentes protagonistas a apresentar o que estão a desenvolver no terreno.
Bento Barcelos, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Angra e presidente da União das Misericórdias dos Açores , apelou a uma cultura da clemência, onde a compaixão seja a tónica dominante.
“Estou plenamente convencido que há mais homens e mulheres boas, bons, que querem fazer o bem, ter um bom desempenho, para estar ao serviço. A solidariedede é um valor, um principio, mas precisamos que este sentido de solidariedade não fique só nas leis. Que não fique só na Constituição da República Portuguesa, no nosso caso concreto. Que não fique só nas instituições que praticam, de facto, a solidariedade”, disse o responsável.
“Cada um de nós tem que se compadecer. É preciso estimular uma cultura da clemência.Temos que fazê-lo. Nas nossas casas, na nossa família, na escola. Começar de tenra idade a estimular uma cultura da clemência, a cultura da compaixão, a cultura da solidariedade e da ecologia social” acrescentou pedindo “um exercício individual e coletivo de transformação, de reconfiguração”.
Em nome da Cáritas , que hoje celebrou o seu dia, Maria do Natal Sousa falou das respostas sociais que a Cáritas tem vindo a desenvolver, sobretudo na ilha Terceira, onde tem promovido vários projectos juntos das crianças em idade escolar cujo percurso educativo tem sido marcado pelo insucesso, sublinhando que todas as respostas que têm vindo a ser criadas pretendem ser uma resposta à leitura dos sinais dos tempos.
“Nós queremos é isto: estar próximos da comunidade; é um desafio grande mas só assim conseguiremos levar esperança às pessoas, às que necessitam para saírem da sua situação de fragilidade e exclusão mas também às próprias pessoas, que querem ajudar, mas que muitas vezes se resignam perante as situações”, referiu a presidente da Cáritas da ilha Terceira.
“Continua a haver muita gente que precisa de ajuda e que não chega a nós; precisa verdadeiramente de ajuda e que não pede, não é visível e nós queremos também chegar a estas pessoas e isso não é possível fazer sem o evolvimento da comunidade” referiu a dirigente exortando a um novo sentido de “proximidade e vizinhança”.
“O Jubileu da Esperança vem colocar-nos este desafio: temos que ser mais audazes, estar mais presentes, de fazer com que as pessoas sintam que realmente estamos presentes e que conseguimos dar resposta aos problemas”, disse destacando que a Igreja deve mostrar mais o bem que faz e, sobretudo, deve fazer uma avaliação constante da sua atuação para ser, de facto “o rosto da misericórdia” na sociedade.
Carlos Matos e Alice Silva, em nome das Conferências Vicentinas, que estão presentes em 12 paróquias da ilha Terceira, sublinharam “o apoio psicológico e social” que as conferências prestam sobretudo aos mais idosos, que enfrentam solidão, mas também a famílias que pela sua vulnerabilidade social e financeira, são famílias muito frágeis do ponto de vista emocional. Junto da juventude, por exemplo, há “um apoio real” aos jovens para que prossigam estudos. As visitas domiciliárias são “essenciais” sobretudo junto da população adulta sénior.
A preceder esta mesa redonda, o cónego Helder Miranda Alexandre, pároco da Sé, explicou a história, o significado e os sinais do Jubileu e enquadrou o Ano Santo da Esperança, escalpelizando a bula “Spes Non Confundit” (a Esperança não engana) através da qual o Papa proclamou este jubileu ordinário da Igreja.
O sacerdote justificou ainda este Jubileu da Misericórdia, contextualizando-o na Igreja e no mundo atual: a pobreza, a exclusão, a falta de liberdade, a doença, a fragilidade.
“Todas estas realidades, muito resumidamente assinaladas, são o caleidoscópio humano e existencial que o Jubileu procurará iluminar com a imperecível chama da esperança. Por isso, caríssimos amigos e amigas, é tão importante este Jubileu da Misericórdia entrar dentro deste Jubileu da Esperança”, afirmou.
“O Jubileu da Esperança é dirigido, sobretudo, àqueles que não têm voz” enfatizou.
Depois destas intervenções houve um pequeno apontamento musical do Coro Allegro.
Seguiu-se uma peregrinação até à Se, onde foi celebrada a Eucaristia, presidida pelo Cónego Ricardo Henriques.