Pelo Pe José Júlio Rocha.
«Todo aquele que se exalta será humilhado e quem se faz humilde será exaltado». (Lucas 18, 14)
Jesus, hoje, conta-nos a parábola do fariseu que foi ao Templo para se vangloriar, enquanto o publicano, o ostracizado, ao fundo, batia no peito e dizia: “Meu Deus, tende compaixão de mim, que sou pecador”.
A humildade é um valor supremo na vida das pessoas: é saber estar, saber ser, saber o seu lugar, é ser inteligente. A arrogância e o orgulho denotam falta de autoconhecimento.
Nestes dias de quarentena, voluntária ou forçada, os nossos egos correm o perigo de vir à superfície e temos a tentação de nos irritarmos até com coisas insignificantes. É normal. Mas também é uma oportunidade de sabermos que certas palavras ou atitudes, por ínfimas que sejam, podem ofender ou irritar quem está ao nosso lado. É quase uma prova de fogo. Nunca a paciência foi um valor tão universal.
Infelizmente, vi, há pouco, um vídeo da Itália, onde aparece um negro, refugiado, deitado numa maca, num corredor de hospital, com a covid-19, a chorar ao ser insultado por pessoas (!!!) que lhe diziam: “O teu lugar não é aqui! Tu deves morrer.” Repetidamente. Por desgraça, esta situação extrema também faz vir ao de cima os piores instintos de certos seres humanos. Que, no fim deste pesadelo, saiamos com a consciência de termos sido, de alguma forma, heróis e não vilões! É só isso que nos é pedido.
Nunca a esperança foi tão importante, queridas comunidades do Porto Martins e da Fonte do Bastardo. NUNCA. A esperança enche-nos de coragem e paciência. Tudo isto vai passar: havemos de nos abraçar outra vez. E então saberemos o valor de um abraço.