Pelo Pe José Júlio Rocha.
«A virgem dançará alegremente,
exultarão os jovens e os velhos.
Converterei o seu luto em alegria
e a sua dor será mudada em consolação e júbilo.» (Jeremias 31, 13)
O mundo está a viver uma espécie de purgatório. O purgatório, segundo a Tradição cristã, é o lugar da purificação. Esta pandemia tem de trazer, necessariamente, uma reflexão sobre o ser e o estar do homem no mundo. Recordo as palavras do General Ramalho Eanes: “Porque é que o homem se tornou tão egoísta, tão individualista, que até se esqueceu que o mundo é de interligação permanente? (…) Esta crise é um momento de silêncio, de reflexão, de comunhão. Se não for assim, estamos a perder uma oportunidade única que nos é oferecida – com dramatismo, com dor, com desgosto.”
Como sempre, em circunstâncias com a que vivemos, aparecem dois tipos de profetas: os da desgraça e os da esperança. Um dos maiores dramas do nosso tempo é que tínhamos tudo, vivíamos, de alguma forma, inchados de bem-estar e egoísmo, mas não tínhamos esperança no dia de amanhã. Esta é a época propícia para renovar a esperança: ‘a sua dor será mudada em consolação e júbilo.’
Pensemos nas pessoas que já perderam ou vão perder o seu emprego. Nas empresas, sobretudo médias e pequenas, que serão obrigadas a fechar definitivamente as portas: esses irmãos terão um futuro bem mais sacrificado. Se não houver um verdadeiro espírito de solidariedade, se não concluirmos que estamos todos no mesmo barco e todos precisamos uns dos outros, então tudo será pior do que dantes.
Hoje, esperança e solidariedade significam exatamente a mesma coisa.