Por Renato Moura
Este ano há eleições para a Assembleia Legislativa Regional dos Açores. Os partidos preparam as listas de candidatos a deputados, nos nove círculos e no de compensação.
Encontram dificuldades. Os candidatos tidos por mais bem preparados para o exercício das funções e simultaneamente com capacidade para granjear a simpatia dos eleitores, por vezes recusam. Há cidadãos conscientes e com a humildade de considerar não estarem seguros de um bom desempenho; uns não estão disponíveis para prejudicar a sua carreira profissional; alguns não querem ser vilipendiados pela má imagem da política e de muitos dos seus agentes; outros, por tudo isso e muito mais, não querem martirizar a família. São respeitáveis a sinceridade, a seriedade, a honestidade e a honradez dessas recusas. E isto apesar do dever de cada um contribuir para as causas da sua comunidade; e tantos o fazem, de muitas formas, até gratuitamente, mas naquilo em que se sentem idóneos.
Habitual e felizmente houve candidatos convidados pelas forças políticas, recrutados dentro dos partidos e no seio da sociedade, com provas dadas: em diversos níveis da política; no desempenho meritório e distinto das respectivas actividades profissionais; com trabalho de relevo em colectividades. Muitos foram assim competentes deputados.
Há também cidadãos com forte aspiração pela participação política, atitude legítima, se com exigente avaliação das suas capacidades e com o objectivo de servir a causa pública. Quase todos aguardam pelo reconhecimento e pelo convite e se são conscientes ainda assim responderam e frequentemente recusam o primeiro lugar. Dispõem-se a participar, ajudar, aprender, adquirir formação, sem pressa, serenos até um dia de eventual obtenção de competências reais para mais altos voos.
Como ensinou Jesus numa parábola, no meio do trigo também nasce o joio. E assim é na política: se alguns, com jactância, lutam para se impor ao seu partido e tomar o primeiro lugar na lista; e se não conseguem tentam lugar elegível na lista adversária; e em desespero, um primeiro lugar, seja em qual for! Trate-se de ingenuidade ou atrevimento, coerência ou convicção ideológica é que não é; e isso é alarmante.
Quantos recusarem o tirocínio e quiserem alistar-se em general, sinalizam irracionalidade, falta de perfil e de maturidade; arrogante ambição!
Se as forças políticas os albergarem, demonstram falta de princípios e de valores, traição à verdade. E não há boa política sem ética e sem moral: se os dirigentes não as têm, não podem dar.