“Ainda há muitas pessoas que não sentem o abraço de Deus”- Cónego Gregório Rocha

 

Foto: Igreja Açores/Paróquias da ilha de Santa Maria

Vigário-geral da diocese de Angra presidiu à festa do Senhor Santo Cristo na ilha de Santa Maria

Realizou-se este fim-de-semana, em Santa Maria, a festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres, que este ano foi presidida pelo Vigário-geral da diocese, o cónego Gregório Rocha, que pediu aos marienses para no seu díscipulado abraçarem todos aqueles que ainda não conseguem ter uma vida digna.

“Precisamos de uma igreja em saída que dê um abraço amoroso para dizermos a toda a humanidade que a cruz não tem a última palavra; a última palavra é sempre a ressurreição, o homem novo”, disse o sacerdote aos peregrinos desta festa que acontece desde 1971, sempre na semana seguinte à celebração de Ponta Delgada.

A Imagem do Ecce Homo, que se venera também em Santa Maria, remete para a paixão “que ainda não terminou”.

“Enquanto houver alguém no mundo que não tem condições para viver a sua humanidade e a sua dignidade humana, a paixão de Cristo, prolonga-se. Agir por amor a Jesus ou deixar que ele aja em nós significa aliviar o sofrimento dos homens, daqueles que se cruzam connosco”, salientou o cónego Gregório Rocha.

“Hoje há pessoas que ainda não sentem o abraço de Deus. Compete-nos a nós cristãos envolver as pessoas neste abraço amoroso de Deus. Comecemos por casa, pelos ambientes de trabalho, pela tolerância por todos aqueles que são diferentes de nós ou pensam de maneira diferente, pela compreensão, pelo perdão, pela verdade, pela justiça”, disse.

“Os discípulos de Jesus hoje somos nós” frisou recordando que o trabalho do cristão começa à saída da Igreja, não se esgotando na celebração, “quando O louvamos, O bendizemos e O comungamos”.

“Ele quer que para além daquela porta mostremos o Seu amor” destacou reconhecendo que “não é fácil” e muitas vezes não conseguimos alterar algumas situações como a guerra.

“Se calhar não conseguimos fazer coisas concretas que acabem com o mal mas podemos rezar e a oração insere-nos na vida com Jesus”, disse o cónego Gregório Rocha.

“Na medida em que cada um se converte o mundo fica melhor;  dizemos que o mal contagia, mas o bem também se multiplica”, disse.

“Hoje a Paixão do Senhor desafia-nos a olhar para o lado positivo, a dizer que o amor de Deus contagia porque Deus é louco de amor  e é esse amor que somos convidados a imitar junto dos irmãos”.

“Tal como Ele deu a vida por nós gratuita e voluntariamente também nós somos convidados a entregar-Lhe a vida através do amor ao próximo”, concluiu.

“A paixão centra-se sobretudo na entrega da sua vida. Esta entrega significou dor e sofrimento, a cruz. Mas para além da cruz estava a vida. Associarmo-nos a esta entrega de Jesus , prolongá-la no tempo  e no espaço é sempre darmos um passo mais”.

 

As celebrações da festa do Senhor santo cristo começaram no dia 10, com a inauguração da iluminação; no dia 11 a procissão da Mudança e a Eucaristia na Igreja Matriz e hoje a Missa na Igreja de Nossa Senhora das Vitórias, seguindo-se depois a Procissão Solene.

Esta tradição nasceu em 1971, quando um grupo de funcionários do Aeroporto de Santa Maria não podendo deslocar-se a Ponta Delgada decidiu organizar uma festa semelhante, onde os marienses pudessem pagar as suas promessas como fazem em São Miguel.

Esta festa religiosa é celebrada ainda noutras ilhas do Arquipélago dos Açores – Graciosa, São Jorge, na caldeira, Flores -, no continente e nas comunidades na diáspora, em vários locais do Canadá, por ser um culto muito próprio dos açorianos.

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