Pelo Pe. Rui Silva*
O tempo litúrgico do Advento, convida-nos a ter a atitude humilde de olharmos com realismo para nós próprios, na abertura sincera de querer caminhar, mudar, melhorar. O advento, é um caminho concreto de quatro semanas, um anúncio “Maranathá! Vem, Senhor Jesus!”, uma ponte que nos liga ao que acontecerá na noite de Natal, um acontecimento que nos leva ao encontro de nós mesmos e com Deus. Mas atenção… Este encontro, pode estar contaminado pela pressa que antecede o Natal e que nos pode levar ao vazio. Sem preparação não há mudança. Sem renovação não há conversão. Daí, a necessidade de nos deixarmos consumir pela espera que envolve o caminho do advento, o silêncio. No tempo do advento, parados, calados, de pé ou de joelhos, o silêncio falará mais alto, mais e melhor. Não nos deixemos levar pela dispersão, nem pelo brilho multicolor antecipado das luzes. O advento é um convite a desacelerarmos, porque é um tempo que se veste e reveste de espera. Não de uma espera desesperante, mas de algo que nos ensina a responder à pergunta que deve ser colocada a cada um de nós: por quem esperamos? A resposta, requer seriedade da nossa parte, na preparação e na vivência do advento, não de forma isolada, mas comunitária, numa atitude de compromisso com Deus, com o mundo e com os outros. Uma espera que nos faça despertar, recordando o que Pedro Cotrim, escreveu: “quando percebemos a rapidez do que não vivemos”. Levianamente, o advento pode ser visto, como um programa ocupacional ou um tempo de entretenimento com quatro semanas. Nada mais errado. O advento é a atualização de um viver em Deus, reforçado por um coração que ama e que gera amor, coragem para ir ao encontro dos outros. O advento, não é uma repetição, uma rotina anual, um ciclo vicioso, uma tradição a cumprir antes do Natal. Se assim fosse, empobrecia-nos humanamente e espiritualmente. É como quem diz: “o rio que corre é o mesmo, mas a água é sempre nova”. Numa entrevista a um pugilista perguntaram-lhe: “Tens algum golpe novo para este combate?” Ele respondeu, com algum humor: “Sim. Todos os socos que vou dar e que vou levar são novos porque nunca os dei nem nunca os levei.” O advento, é um desafio a não fazermos dele um encontro adiado. Um tempo que nos deve mover, enriquecer e comover por aquilo que ele traz, o Deus Menino. Não podemos continuar a “maquilhar” o Natal, com pós de Advento.
Como forma de preparar, dignificar, enriquecer o advento, a Ouvidoria de Vila do Porto, irá participar na caminhada “Santuário Familiar”, da Diocese de Angra. No entanto, celebraremos a bênção das grávidas e a bênção dos Meninos. Iremos construir coroas de advento que serão distribuídas por diversas instituições da ilha. Com a colaboração da Fraterna Ajuda Cristã, iremos realizar capazes de Natal. Será organizado a Árvore dos cartões.
A todos um bom e feliz advento.
*Ouvidor Eclesiástico da ilha de Santa Maria (este texto foi feito em conjunto com o Pe. Miguel Tavares)