Este domingo por “prudência” não se realizam celebrações nos centros de culto das Fajãs e nas igrejas do concelho das Velas são desaconselhadas, por causa da atividade sismovulcânica.
“Embora não haja nenhuma determinação oficial e técnica relativamente ao culto público, entendemos a prudência de, neste fim de semana, interditar as celebrações comunitárias nos centros de culto das fajãs, desaconselhar as mesmas nas igrejas do concelho das Velas e recomendá-las vivamente em todas as igrejas do concelho da Calheta”, explica o cónego Hélder Fonseca Mendes, numa nota enviada ao ‘Igreja Açores’.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) informa que foi detetado um “aumento significativo” da frequência da atividade sísmica na ilha de São Jorge, nos Açores, desde as 17h00 do dia 19 de março.
Ao longo desta semana, o administrador diocesano de Angra tem estado “atento” e a acompanhar a situação em São Jorge, através do “contacto direto com todos os párocos, os presidentes do governo e do município de Velas, e com a proteção civil regional”.
Neste contexto, o cónego Hélder Fonseca Mendes afirma que “é de louvar a permanência de todos os párocos na ilha de S. Jorge”, nomeadamente em Rosais, Urzelina, Norte Grande, Calheta, Ribeira Seca e Topo.
“Estão todos contactáveis e disponíveis para o apoio às suas comunidades”, assinala o sacerdote, destacando também o esforço na “proteção e reposicionamento” do património móvel e integrado de maior valor, “para que se possam dedicar agora às pessoas”.
Aos jorgenses, o sacerdote explica que “enquanto uns se preparam para sair da ilha, se for necessário, existem quem se prepare para “receber quem precisar”, e adianta que a Cáritas dos Açores já fez chegar à ilha de São Jorge “uma centena de colchões, cobertores e toalhas para apoiar as paróquias de acolhimento”.
“A certeza da fé no Senhor Santo Cristo da Caldeira, da caridade no Senhor Espírito Santo e da esperança de Nossa Senhora são forças interiores para lidar nesta situação de incerteza e dificuldade”, conclui o cónego Hélder Fonseca Mendes, que a partir de hoje se desloca à ilha, para “estar pessoalmente” com os padres e as comunidades cristãs que passam por esta tribulação, na próxima semana.
Este domingo estará também na ilha o Presidente da República, embora ontem tenha assegurado que a população da ilha açoriana de São Jorge “não tem razões para estar preocupada” e explicou que a visita agendada para este domingo visa dar confiança às pessoas.
“Pretendo, por um lado, ver a situação que me é contada pelo presidente do Governo regional e, por outro, transmitir a confiança à população, que não tem razões para estar preocupada ou sobressaltada. Os elementos disponíveis mostram que não há razões de gravidade que impliquem qualquer saída ou qualquer intranquilidade das pessoas”, afirmou.
Em declarações aos jornalistas à margem do 12.º congresso do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP), que hoje termina em Vilamoura, o chefe de Estado confirmou que estará com o líder do Governo regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, e que deverá regressar ainda na noite de domingo a Lisboa.
Questionado sobre se a deslocação à ilha não poderia ser interpretada como um sinal da gravidade da situação, Marcelo Rebelo de Sousa descartou essa leitura.
“Vou lá precisamente com essa preocupação. Não há nada de especialmente grave que justifique uma reação das pessoas que seja de perturbação, intranquilidade pessoal ou coletiva. Aliás, o presidente do governo regional falou comigo, estava muito tranquilo e os especialistas também”, acrescentou.
Cerca de 12.700 sismos foram registados na ilha de São Jorge, no âmbito da crise que se iniciou a 19 de março, mais do dobro de todos os sismos registados no arquipélago em 2021.
A crise sismovulcânica em São Jorge iniciou-se às 16:05 de dia 19, tendo o sismo mais energético ocorrido nesse mesmo dia às 18:41 com uma magnitude de 3,3 na escala de Richter, mas sem provocar danos.
Segundo os dados provisórios dos Censos 2021, a ilha de São Jorge tem 8.373 habitantes, dos quais 4.936 no concelho das Velas e 3.437 no concelho da Calheta.