2020 teve défice de 66 milhões de euros nas instituições de governo central da Igreja Católica
A Administração do Património da Sé Apostólico (APSA) divulgou este sábado as suas contas de forma pública, o que acontece pela primeira vez desde a sua criação, em 1967.
O documento acompanhou a divulgação anual do balanço consolidado da Santa Sé em 2020, com um défice de 66,3 milhões de euros; em 2019, esse défice tinha sido de 79,2 milhões.
“O ano de 2020 foi um ano difícil, que obrigou os Dicastérios do Vaticano a reduzir as despesas. Para sustentar as diversas atividades, a serviço da missão do Papa, foi utilizado menos o Óbolo de São Pedro, em relação aos anos passados”, refere o jesuíta Juan Antonio Guerrero Alves, prefeito da Secretaria para a Economia (SPE), em entrevista ao portal ‘Vatican News’.
O património líquido da Santa Sé é de cerca de 1380 milhões de euros.
O prefeito da SPE sublinha que estas entidades de governo central da Igreja católica “não têm fins lucrativos e muitas tendem a perdas, porque prestam serviços que não são completamente financiados”.
O padre Juan Antonio Guerrero Alves elogia os esforços feitos para reduzir as despesas e o aumento da ajuda a Igrejas mais atingidas pela pandemia.
“As Nunciaturas também apertaram o cinto, reduzindo os seus gastos em 4 milhões de euros; a mesma coisa aconteceu com os serviços de consultoria, reduzidos em 1,6 milhões de euros, menos 19% que no ano anterior”, precisou.
A entrevista ao ‘Vatican News’ aborda as questões jurídicas sobre uma venda imobiliária em Londres, que envolvem dez pessoas, incluindo os antigos presidente e diretor da Autoridade para a Informação Financeira do Vaticano, vários responsáveis da Secretaria de Estado e o cardeal Angelo Becciu.
“Este processo foi possível porque alguns controlos internos funcionaram: as acusações saíram de dentro do Vaticano”, sustenta o prefeito da SPE.
“Espero que os passos que estão a ser dados na direção certa, para uma melhor gestão, um controlo mais eficaz e uma maior transparência, possam ajudar a restabelecer uma maior credibilidade”, acrescenta.
Em 2020, o Papa determinou que a Secretaria de Estado do Vaticano deixasse de gerir fundos e propriedades, passando essa missão para a Secretaria para a Economia, da Santa Se, e a sua Administração do Património.
(Com Ecclesia)