Acreditar na ressurreição de Cristo implica testemunha-la em atos e anunciá-la na missão

Núncio Apostólico presidiu à celebração de domingo de Páscoa na Sé, antes de regressar a Lisboa. Administrador Diocesano agradece “disponibilidade e proximidade”

Depois de completar uma semana intensa nos Açores, a onde presidiu às principais celebrações da Semana Santa, D. Ivo Scapolo desafiou os cristãos açorianos a testemunhar e a anunciar a boa nova da ressurreição de Cristo.

A partir da liturgia proclamada neste domingo de Páscoa, o diplomata da Santa Sé afirmou que o “aspeto fundamental” da missão da Igreja através dos séculos até hoje é “ anunciar e testemunhar que Jesus ressuscitou”.

“Esta é a verdade principal que também hoje a Igreja deve anunciar: Jesus ressuscitou. É a verdade que cada um de nós deve crer e testemunhar com coragem”, centrando a vida na escuta e na obediência à Palavra de Deus, mas também conformando a vida com essa verdade de fé.

“Isto significa cortar os vínculos excessivos ou até desordenados que podemos ter com as pessoas e as coisas; significa estar dispostos a renunciar a coisas, projetos, e satisfações humanas para se entregar totalmente ao Senhor; significa estar dispostos a doar até a própria vida e as próprias coisas para ser fiéis ao Senhor e responder adequadamente ao seu imenso amor; significa não buscar o próprio interesse pessoal ou o que nos agrada para estar disponíveis para fazer, como a jovem Maria, a vontade do Senhor; significa manter-se livres de muitas coisas para estar dispostos a sacrificar e oferecer a própria vida por amor a Deus e aos irmãos; significa, crer na justiça divina e, portanto, aceitar as limitações da justiça humana.” afirmou o prelado italiano.

“Tudo isto não é uma fuga das responsabilidades que temos na comunidade humana” acrescentou sublinhando que uma vida configurada na ressurreição não é uma vida fora da realidade quotidiana. “Ao contrário, na medida em que aspiramos às coisas do alto e nos afeiçoamos às do Céu, adquirimos a capacidade e a generosidade de entregar tudo, hoje e aqui, para merecer o prémio eterno”, disse.

“Se há cada vez menos pessoas dispostas a sacrificar-se pelo Senhor, pela Igreja, pelos irmãos, por um mundo melhor, é porque estão afeiçoadas às coisas da terra. Se há poucas vocações à vida sacerdotal e religiosa, significa que falta entre os jovens a capacidade de se entregar pelos outros” concluiu.

D. Ivo Scapolo deixou, ainda, uma prece: “pedimos à Virgem Maria, a fim de que nos ajude a adquirir um autêntico espírito pascal, segundo o qual saibamos testemunhar com as palavras e as ações a nossa fé na Ressurreição de Jesus e a nossa esperança na nossa futura ressurreição”.

O Núncio Apostólico da Santa Sé chegou no fim de semana passado aos Açores e visitou três ilhas, mantendo contactos com o clero, com instituições, religiosos e Serviços da diocese de Angra que se encontra em sede vacante desde o dia 21 de setembro, altura em que o Papa nomeou D. João Lavrador bispo de Viana do Castelo.

Neste momento, a igreja insular é governada pelo Administrador Diocesano eleito no dia 30 de novembro pelo Colégio de Consultores mas que tem poderes limitados a atos de gestão até à nomeação do novo bispo de Angra. Na passagem pelos Açores, e depois de um encontro com o Presidente do Governo Regional dos Açores, D. Ivo Scapolo disse tratar-se de um processo longo e complexo, de muitas auscultações, para o qual há que contar com “paciência” e “espírito de oração”.

Para pontuar o final desta estada do Núncio Apostólico da Santa Sé nos Açores, o Administrador Diocesano, cónego Hélder Fonseca Mendes, agradeceu a “presença disponível e próxima” aos diocesanos insulares.

“Agradeço a sua solicitude para com esta diocese insular, sobretudo desde o dia da minha eleição para este  ofício, desejando que seja por um período não muito longo, até porque ora deixo de cumprir bem a minha missão de pároco, ora deixo de cumprir a missão tão exigente de administrador, numa diocese que viu tão unida e tão repartida por nove”, disse o sacerdote terceirense.

O Administrador Diocesano, que é pároco da Sé, onde decorreram as celebrações pascais presididas por D. Ivo Scapolo, agradeceu a disponibilidade para os encontros com “tantos fiéis de base, grupos, consagrados, seminaristas, presbíteros, jovens, pobres, doentes e reclusos, bem como com as mais altas autoridades da Região Autónoma” e insistiu na urgência da nomeação de um novo bispo.

“Uma pergunta recorrente que dirigiram ao senhor Núncio ao longo destes oito dias foi «e então para quando é que vamos ter um novo bispo» e a resposta serena é «quanto antes», mas é um «processo laborioso, que exige muito trabalho, consulta e paciência». Aliás, a pergunta faz todo o sentido, pois sem bispo não há Igreja Local, tal como não haveria Igreja sem os Apóstolos”, afirmou no final da Missa na Sé este domingo.

“Senhor Núncio, como representante do Santo Padre em Portugal, queira por favor transmitir ao Papa Francisco a nossa fidelidade e comunhão, docilidade e obediência, estima e consideração, e replicar a Sua Santidade a oração, que fazemos para que o Senhor Jesus nos conceda o pastor que seja do Seu agrado e em breve possamos alegrar-nos com a eleição de um novo Bispo que ilumine e edifique este povo açoriano com a verdade do Evangelho”, disse ainda.

 

Scroll to Top