Açores prontos para acolher 40 refugiados da quota nacional

Reunião entre Governo e instituições sociais decorreu esta segunda feira

O subsecretário regional da Presidência para as Relações Externas dos Açores revelou hoje que o arquipélago vai acolher, numa primeira fase, cerca de 40 dos 1.500 refugiados que vão chegar ao país, tendo como referência a dimensão da população.
“Tendo em conta a falta de decisão a nível europeu a nível de diversos critérios, será certamente prematuro falar num número definitivo. Mas em relação aos primeiros 40 mil refugiados da Grécia e da Itália que serão recolocados, e aos 1.500 em Portugal, o ponto de partida será o peso populacional da região, o que nos dará cerca de 35, 40 pessoas”, declarou Rodrigo Oliveira aos jornalistas.
O titular da pasta das Relações Externas dos Açores está hoje reunido com entidades públicas e particulares, em Ponta Delgada, para preparar o processo de acolhimento de refugiados na região.
Apesar de ressalvar que este “não é um número definitivo”, o governante considerou que constitui uma “base de trabalho objetiva” para receber o primeiro continente de refugiados e frisou que se está a ter como referência um número que foi abordado pelo Conselho de Ministros de Justiça e Assuntos Internos da União Europeia (UE) e aceite por Portugal.
“Nesta fase estamos a fazer um levantamento muito objetivo das condições que existem nos diversos concelhos e ilhas dos Açores. Mais do que saber se vão ser distribuídos ou não [por ilhas], importa apurar que locais têm as condições não apenas de alojamento, mas também de serviços e apoios sociais, escolares, de saúde, que permitam acolher devidamente estes refugiados”, declarou.
Questionado sobre se os parceiros do Governo dos Açores neste processo terão apoio financeiro, Rodrigo Oliveira referiu que esta não é a primeira preocupação das entidades envolvidas, mas recordou que a UE decidiu atribuir seis mil euros por refugiado, pelo período de dois anos, montante que será entregue ao Estado.
Resta aguardar, de acordo com o responsável, para apurar como se vai fazer a distribuição nacional do valor atribuído – se diretamente ao refugiado, às instituições que o receberem ou aos agregados familiares.
No encontro que decorreu em Ponta Delgada, estiveram presentes a Associação dos Imigrantes dos Açores, a instituição ARRISCA, a Associação de Municípios da Região Autónoma dos Açores, a Associação Novo Dia, o Banco Alimentar contra a Fome, a Cáritas dos Açores, a cooperativa CRESAÇOR, o Serviço Diocesano para a Pastoral Social, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e a União Regional das Misericórdias.
A Diocese de Angra, através do Serviço da Pastoral Social, Cáritas Diocesana e Comissão da Pastoral da Saúde, decidiu sexta feira sensibilizar as paróquias para a “urgência da situação dos refugiados” e “identificar possíveis estruturas de acolhimento às famílias refugiadas”, conforme noticiado pelo Sítio Igreja Açores
“A primeira resposta é ter o coração da misericórdia e praticar as obras de misericórdia. Estamos a falar de pessoas que estão feridas e a quem devemos dar esperança”, sublinhou o responsável pela Pastoral Social diocesana.
“A igreja não tem, necessariamente, que liderar qualquer processo mas devemos colocar-nos numa atitude de serviço e de parceria” sublinhou recordando que “é nesta plataforma que queremos trabalhar: mostrar disponibilidade e ver como podemos rentabilizar espaços e recursos sem acrescentar qualquer custo”.
“Às vezes julgamos que as respostas acarretam muitos encargos financeiros e nem sempre é verdade”, diz o Pe Duarte Melo lembrando que “como cristãos, temos a obrigação de agir e acolher, com coração largo sem medos ou recriminações. Isto é a caridade, que é um valor essencial para nós cristãos”, remata o sacerdote destacando as palavras do Papa Francisco nesse apelo a que cada paróquia, cada comunidade religiosa, cada mosteiro e cada santuário possa “num gesto concreto acolher pelo menos uma família de refugiados como preparação do ano Santo da Misericórdia”.
“A diocese de Angra não pode distanciar-se deste apelo do Papa e deve preparar-se para dar uma resposta adequada”, referiu ainda sublinhando a importância das parcerias.
Recordo, ainda, que o Governo Regional na ultima reunião do Conselho de Governo, na ilha Graciosa, deliberou disponibilizar 75 mil euros ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, contribuindo assim para o “desenvolvimento de ações de proximidade e que permitam um alojamento, alimentação e cuidados de saúde básicos aos refugiados”.
CR/Lusa

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