Acesso à Sé de Angra com novas regras

A partir do próximo mês de julho e durante todo o verão, entrada dos turistas faz-se pela porta da rua da Carreira dos Cavalos.

As visitas turísticas à Catedral de Angra do Heroísmo, nos dias úteis, entre as 10h00 e as 18h00, durante o verão, vão passar a ser pagas e o acesso à Sé será feito a partir da porta do adro da rua da Carreira dos Cavalos, apurou o Portal da Diocese esta sexta feira.

 

“Esta medida provisória e experimental destina-se a classificar as razões da procura da Catedral e a perceber o fluxo de visitantes”, justifica o texto assinado pelo Pe Hélder Fonseca Mendes no Boletim da Sé e terá “um valor simbólico de um euro entregue à entrada, por visitante”.

 

A receita apurada destina-se a ajudar no pagamento do custo “da conservação de dez telas de grandes dimensões, que aguardam restauro desde o sismo de 1980, para serem colocadas na Sé (2014-2017), num valor global superior a 115 000, 00 €”.

 

Na visita turística será possível ter acesso ao corpo da catedral, a todas as suas capelas e deambulatório. Será, ainda, possível conjugar a entrada com breves audições de órgão de tubos, visitas panorâmicas à cidade a partir das torres, ou visita ao Tesouro, composto por quatro salas.

 

“Para podermos oferecer serviços de bens culturais, para além do culto (gratuito), temos de procurar outros recursos, repartidos por todos”, adianta ainda o sacerdote no referido texto do Boletim da Sé no qual se compromete a fazer uma “avaliação destas medidas” com “os órgãos competentes”.

 

Pe Helder Fonseca
Pe Helder Fonseca

De resto o pároco da Sé, também Vigário Geral da Diocese, lembra que já foi enviada uma carta a todos os promotores turísticos da cidade- Associação de Turismo dos Açores, Câmara de Comércio e Indústria de Angra do Heroísmo, Delegação de Turismo da Ilha Terceira e hoteleiros-  com vista a uma “melhor informação””.

 

Por outro lado, Hélder Fonseca Mendes garante, que com esta medida, durante o verão o culto “ficará melhor organizado”, ficando separado das visitas turísticas e permitindo que a “atitude de cada crente e visitante seja dignificada e respeitada”.

 

A entrada para as celebrações comunitárias, passa a fazer-se pela porta principal, voltada para o adro da Rua da Sé. Durante essas celebrações, de semana e ao domingo, “não são aconselháveis nem permitidas visitas turísticas, seja em nome individual ou de grupo, por respeito a quem está a rezar e a celebrar a fé, como primeira função do espaço consagrado”.

 

Fora das celebrações comunitárias, é criada uma nova capela com o Santíssimo Sacramento, com entrada pelo adro da Rua da Rosa e que se destina exclusivamente à oração. Funcionará, com acesso livre, entre as 10h00 e as 18 h00, nos dias uteis.

 

O serviço de atendimento pessoal e de cartório paroquial funcionará no mesmo espaço, com entrada pelo adro da Rua do Salinas, nos dias úteis das 15h00 às 18h00.

Planta da Sé Catedral de Angra
Planta da Sé Catedral de Angra

A Catedral de Angra do Heroísmo integra um projeto intitulado “Rota das Catedrais” que resulta de uma parceria entre a Igreja Católica e o estado português, que tem por finalidade a preservação e promoção do património arquitetónico religioso.

A estratégia delineada compreende não só a realização de obras de restauro e manutenção nos edifícios mais necessitados mas também a dinamização dos monumentos, através da realização de concertos, exposições e outros espectáculos musicais.

 

Ao mesmo tempo, a ideia é garantir que cada catedral possa ser também um polo de potenciação turística, com a aposta em ferramentas que contribuam para uma apresentação cada vez mais completa dos monumentos, junto do público.

 

Nalgumas dioceses está já em curso o processo de “produção de conteúdos para guias e roteiros” e os promotores da Rota das Catedrais defendem a necessidade da adoção de “uma linguagem comum, essencial num contexto de rede”, bem como de “um modelo de gestão otimizado na perspetiva de um projeto nacional”.

 

De resto, já é possível visitar virtualmente a Sé de Angra a partir de qualquer computador em www.rotadascatedrais.com

 

Elevada por decreto papal à condição de diocese, Angra do Heroísmo vê a sua Sé Catedral edificada, a partir de 1570, sobre as ruínas da quatrocentista Igreja de S. Salvador.

 

Da igreja gótica inicial subsistem alguns elementos, embora bastante diluídos na última reforma maneirista da catedral.

 

Sé Catedral de Angra destruída pelo sismo de 80
Sé Catedral de Angra destruída pelo sismo de 80

Destruída pelos violentos sismos e incêndio ocorridos na década de oitenta do século XX, a Sé de Angra foi reconstruída de acordo com a traça maneirista do século XVI.

 

Na Capela do S. Sacramento está patente um belo frontal de prata do século XVII, preenchido com símbolos eucarísticos e cenas da Paixão de Cristo, envolto por uma profusão de ornatos vegetalistas e zoomórficos.

 

A capela-mor é coberta por abóbada de caixotões, apoiando-se na forte cornija do entablamento que assenta em seis colunas jónicas, marcando o deambulatório da cabeceira.

 

No centro do arco triunfal estão patentes as armas do cardeal D. Henrique, o patrocinador desta catedral açoriana.

 

A catedral alberga ainda várias pinturas maneiristas, azulejaria portuguesa do século XVII, escultura seiscentista da denominada “Escola dos Mestres da Sé de Angra”, uma galeria de retratos dos bispos e um órgão da 2ª metade do século XX, nº 1 de Dinarte Machado.

 

Desde o passado mês de abril, a Catedral conta com 14 telas de artistas açorianos que recriaram as 14 estações da Via Sacra à luz de um olhar contemporâneo.

 

No Boletim da Sé, o Pe Hélder Fonseca Mendes sublinha que “ uma Igreja – Catedral é uma casa de oração onde o povo de Deus é convocado para o encontro com o seu Senhor”, mas lembra que “pela sua beleza é também um lugar de fruição cultural para quem a visita”. Por isso, “a Sé pode ser vista com o olhar da fé e com o olhar da cultura. A melhor visão é sempre a que se faz com os dois olhos”, destaca o sacerdote.

Sé Catedral de Angra em registo monocromático
Sé Catedral de Angra em registo monocromático

 

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