Francisco assinala Dia Mundial, promovido pelas Nações Unidas
O Papa associou-se hoje à celebração do Dia Mundial do Refugiado, promovida pelas Nações Unidas, sobre o tema ‘Juntos, podemos fazer a diferença’.
“Abramos o nosso coração aos refugiados”, pediu Francisco, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação da oração do ângelus.
“Façamos nossas as suas tristezas, as suas alegrias, aprendamos com a sua resiliência corajosa. Assim, todos juntos, faremos crescer uma comunidade mais humana, uma só grande família”, acrescentou.
Em Portugal, a data é assinalada pela Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), que desde 2015 acolheu mais de 775 pessoas (cerca de metade das quais crianças) em 96 Instituições espalhadas por 17 distritos.
“É a demonstração de que a Sociedade Civil portuguesa é capaz de se mobilizar e responder, com eficácia, ajudando o governo português a cumprir os seus compromissos internacionais”, indica uma nota enviada hoje à Agência ECCLESIA pelo PAR e o Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS).
O texto convida a desconstruir “muros, físicos e mentais” e a rejeitar discursos de ódio.
“Acolher quem foge de tamanhas atrocidades não é uma questão política, mas sim uma questão de humanidade, que diz respeito a todos e na qual todos devem tomar parte”, indicam as instituições.
A Plataforma de Apoio aos Refugiados vai promover na quarta-feira o encontro ‘Juntos Acolhemos’, na Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa.
Também no dia 23, o JRS promove uma campanha de sensibilização em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, “com o objetivo de destacar todas as alegrias que o trabalho de acolhimento trouxe ao município ao longo destes últimos anos, no Centro de Acolhimento Temporário, situado no Lumiar”.
O Governo português assinalou, por sua vez, que o país acolheu esta semana 31 pessoas oriundas da Turquia, Egito e Itália, elevando para 2807 o total de cidadãos estrangeiros recebidos ao abrigo de diferentes programas internacionais.
Rezar também é “gritar” com Deus, diz Francisco
O Papa disse hoje no Vaticano que a oração implica, por vezes”, “gritar” com Deus, nos momentos de maior dificuldade.
“Para ser discípulo de Jesus, não basta acreditar que Deus está ali, que existe, mas é preciso envolver-se com Ele, é preciso também levantar a voz com Ele. Ouçam bem isto: é preciso gritar com Ele”, referiu, antes da recitação da oração do ângelus, na Praça de São Pedro.
Francisco deu como exemplo a situação de muitos refugiados, nos navios que cruzam o Mediterrâneo, “e gritam, no momento em que se estão a afogar: salvem-me”.
A reflexão partiu de uma passagem do Evangelho em que Jesus está com os discípulos num barco, a dormir no meio de uma tempestade.
“Muitas vezes também nós, assaltados pelas provações da vida, clamamos ao Senhor: ‘Por que estás calado e não fazes nada por mim?’. Sobretudo quando parece que nos estamos a afundar, porque o amor ou o projeto em que tínhamos depositado grandes esperanças se desvanece”, assinalou.
O Papa indicou que há vários momentos da vida em que as pessoas se sentem “quase no fim”.
“Quando estamos à mercê de ondas persistentes de ansiedade; ou quando nos sentimos sobrecarregados de problemas ou perdidos no meio do mar da vida, sem rota e sem porto. Ou ainda nos momentos em que faltam forças para seguir em frente, porque não temos trabalho ou um diagnóstico inesperado nos faz temer pela nossa saúde ou pela de um ente querido”, afirmou.
Francisco recomendou que, quando as pessoas se sentem “sufocadas pelo medo”, é importante não perder de vista “o que é mais importante”, a presença de Jesus.
“O Senhor está ali, presente, de facto, espera, por assim dizer, que o envolvamos, que o invoquemos, que o coloquemos no centro daquilo que vivemos. O seu sono desafia-nos a acordar”, indicou.
A intervenção observou a importância de reconhecer a “necessidade de Deus”.
“Quando vencemos a tentação de nos fecharmos em nós mesmos, quando vencemos a falsa religiosidade que não quer incomodar a Deus, quando clamamos por Ele, Ele pode fazer maravilhas em nós. É a força mansa e extraordinária da oração, que faz milagres”, realçou o Papa.
(Com Ecclesia)