Religiosa de São José de Cluny fala sobre a vida consagrada
A menos de um mês da celebração do Dia do Consagrado, que se assinala a dois de fevereiro, o programa de rádio Igreja Açores foi falar com a Irmã Domingas Lisboa, a secretária da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) na Diocese de Angra que sublinhou o contraste entre a vida religiosa e a vida social.
Lembrando de certa forma as palavras de Simeão, aquando da Apresentação de Jesus no Templo, de que Aquele Menino era colocado no mundo como “Sinal de contradição” também Domingas Lisboa, religiosa da Congregação de São José de Cluny, em Ponta Delgada, onde dirige o Colégio de São Francisco Xavier, lembra esta dimensão da vida dos religiosos consagrados.
“A vida consagrada é uma vida de entrega e compromisso, e não de promoção pelo que se calhar não gera grande interesse entre os jovens” admite a religiosa que, no entanto, considera que os religiosos devem participar nas atividades promovidas pela sociedade de forma a contactar com jovens e a darem o seu testemunho.
“O nosso dia-a-dia é simples, feito de momentos de oração, de partilha e de entrega às nossas atividades” mas, adianta: “temos de ir ao encontro dos jovens; devemos participar em atividades recreativas da sociedade; temos de estar no mundo, com o nosso testemunho próprio e a nossa maneira de viver, mostrando aos jovens como é boa e bela esta entrega ao Senhor”.
Na entrevista ao programa Igreja Açores, que vai para o ar este domingo, depois do meio dia, no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores, a religiosa reconhece que se trata de uma “tarefa difícil” porque a vida do mundo “é muito apelativa” para os jovens “oferecendo opções de satisfação imediata”.
“Há dificuldades em educar; os pais não colaboram e responsabilizam a escola pela forma de educar os filhos e dar-lhes valores. Hoje é tudo muito diferente” sublinha a Irmã Domingas Lisboa. No entanto, “temos de encarar estes problemas como desafios” e, “para nós, o nosso desafio é sermos testemunhas e fieis à nossa vocação”.
“Os jovens já não vão lá com palavras, sentem-se tocados pelo testemunho e é isso que temos de dar” cientes de que “ a nível social é difícil combater os vícios que acabam por desagregar as pessoas”.
Nesta entrevista, conduzida por Tatiana Ourique, a religiosa da Congregação das irmãs de São José de Cluny, um dos 12 institutos e Congregações de religiosos presentes na diocese de Angra, destaca a importância da celebração do Dia do Consagrado pois trata-se de um momento para “dar graças a Deus pelo dom; alerta-nos para o dom que é servir e permite o conhecimento e abertura das comunidades cristãs à vida religiosa”. “Este dia coincide com a festa de apresentação do Senhor e, tal como Jesus se entregou também nós consagrados nos entregamos.
“Tem havido muitos esforços na promoção vocacional, mas o caminho nunca está fechado nem acabado. Temos de estimular ainda mais o trabalho em conjunto entre os vários institutos e congregações, para em conjunto testemunharmos a alegria do encontro e da dedicação à vida religiosa”, refere ainda.
“A vida consagrada é um tesouro dentro da igreja e por isso esta vocação deve ser valorizada. Por todos, incluindo a igreja”.
A entrevista pode ser ouvida aqui, depois do meio dia de domingo, dia 13 de janeiro.