A “verdade” da romaria é a conversão

Padre João Maria Brum celebrou a Eucaristia de ação de graças com Romeiros de São Pedro. O sacerdote pediu-lhes que façam da romaria um momento de oração e penitência.

O rancho de São Pedro foi um dos 12 ranchos de Romeiros de São Miguel que este sábado se fez à estrada para cumprir oito dias de romaria quaresmal. Na hora da partida João Maria Brum, assistente espiritual do rancho, sublinhou a necessidade desta “não ser apenas mais uma romaria para honrar a tradição”.

 

Durante a Eucaristia de ação de graças, celebrada às 4h30 da manhã na Igreja de São Pedro, em Ponta Delgada, o sacerdote lembrou o verdadeiro significado desta caminhada quaresmal.

 

“Uma romaria mais do que uma tradição é um momento de recolhimento, de oração, de reflexão (pessoal e familiar) e de conversão pelo que todos devem aproveitar para se encontrarem convosco próprios e com Deus e assim aprofundarem a vossa fé”. Um convite extensivo às famílias a quem pediu que acompanhassem os romeiros através da eucaristia durante a semana.

 

João Maria Brum disse ainda que o tempo é de “sacrifício” e que esta caminhada é “dolorosa”, até do ponto de vista físico, mas “é uma forma de redenção e de preparação para a alegria da Páscoa” e, por isso, deve ser vivida “com entusiasmo”.

 

O rancho de São Pedro é composto por 58 “irmãos”, dos 12 aos 53 anos de idade e é um dos 12 ranchos que se faz à estrada este sábado, dia de São João de Deus e Dia Internacional da Mulher.

 

“Cada um de vós deve refletir sobre o papel da mulher não só reconhecendo a igualdade dos direitos, que infelizmente ainda não é respeitada, sobretudo no mundo do trabalho, mas reconhecendo os sacrifícios que as mulheres das vossas vidas- as mães e as esposas- fazem para que tudo corra bem e agradecendo o que de mais belo vos dão que é o amor”, lembrou ainda João Maria Brum.

 

O sacerdote fez, também, uma analogia entre a partida dos romeiros e a vida de São João de Deus, nascido a 8 de março de 1495 e que aos oito anos abandonou a casa de família e se perdeu tendo sido encontrado no meio de um pasto por uma senhora que o criou. Mais tarde, aos 18 anos, decide regressar a casa, percebe a dor do pai pela sua ausência e procura redimir-se fazendo o bem.

 

“Também os romeiros devem ter esta atitude pastoral de ajudar os mais desfavorecidos, os mais frágeis e rezar por eles”, acentuou o sacerdote.

 

É, aliás este compromisso, que é pedido aos Romeiros, lembra Carlos Costa, o mestre do rancho de São Pedro, em declarações este sábado ao Portal da Diocese.

 

“Nós partimos em busca de algo e durante a caminhada pedimos perdão pelas nossas faltas e forças para sermos melhores cristãos e melhores pessoas no nosso dia a dia”.

 

Há 10 anos que lidera o rancho e garante que sempre que uma romaria chega ao fim sente “que nesse momento é que deveria começar pois só no final da caminhada é que os irmãos estão espiritualmente lavados”.

 

Aliás, Carlos Costa diz que gostava de um dia poder fazer um retiro durante um fim de semana, “com os irmãos”, para refletirem sobre “isto” e darem seguimento, “em conjunto” à romaria.

 

Os Romeiros de São Pedro regressam à “sua” igreja no próximo sábado dia 15, tal como os ranchos do Cabouco, Calhetas (Rabo de Peixe), Candelária, Milagres (Arrifes), Ribeira Quente, Ribeirinha, São Roque (Ponta Delgada), Santa Bárbara (Ponta Delgada), Ribeira Funda, Santa Maria (Toronto) e Várzea regressarão às “suas”.

 

Estes “peregrinos ao encontro da Cidade do Senhor”, como cantavam esta madrugada no inicio da Eucaristia, levam na bagagem destes dias um pedido especial: rezar pelo Papa Francisco que na próxima quinta feira celebra um ano de pontificado .

Celebração da eucaristia de saída dos Romeiros de São Pedro de Ponta Delgada
Scroll to Top