Os coordenadores Liga Operária Católica e da Juventude Operária Católica afirmaram que a Igreja Católica tem de pensar em “propostas” para os trabalhadores cristãos e lembraram a necessidade da “solidariedade entre os trabalhadores” nas circunstâncias atuais.
“Nesta altura, a solidariedade entre os trabalhadores vai ter de ser até à medula”, afirmou Américo Monteiro, coordenador nacional da Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãios (LOC/MTC) nas “Conversas na Ecclesia”, em cada terça-feira em torno do desafio do Papa Francisco “Ninguém se salva sozinho”.
Para o coordenador do movimento da Pastoral Operária, vai ser necessário ajudar a “tratar dos papéis”, afirmar “os direitos dos companheiros do trabalho” sem “lucrar” com o incumprimento burocrático de colegas.
“Se esta situação que vivemos na sociedade trouxer alterações, eu gostaria que uma delas fosse essa mesma: o sentido da solidariedade”, disse Américo Monteiro, em vésperas de mais um aniversário do 1º de maio.
Para Solange Pereira, o momento atual vai sinalizar quem luta pelos “direitos dos trabalhadores” e motivar uma “maior solidariedade entre todos”, tornando todos ”mais conectados”.
“Esta pandemia vai servir para uma maior solidariedade entre todos, também para uma maior empatia para com a pessoa que está ao nosso lado, não só ao nível do trabalho, mas da vida”, afirmou a coordenadora da Juventude Operária Católica (JOC).
Para o coordenador da LOC/MTC, “não há tempo melhor do que este para preparar caminhos”, sublinhando que a Igreja Católica deve fazer uma “reflexão” sobre “as melhores respostas para que os trabalhadores cristãos”.
Américo Monteiro indicou, a título de exemplo, que os movimentos da Pastoral Operária precisam de assistentes que “sejam disponibilizados” por parte das dioceses, referindo que a JOC não tem assistente nacional há seis anos e que o da LOC termina o mandato neste verão.
Nas “Conversas na Ecclesia”, Solange Pereira alertou para as consequências do trabalho a partir de casa, o “stress” que pode criar por causa de não serem respeitados os horário laborais, afirmando que “apesar do confinamento e do teletrabalho, as pessoas continuam a ter as suas vidas”.
Para Américo Monteiro, da pandemia covid-19 “resultará uma grande crise para o mundo do trabalho”, com “mudanças profundas, algumas porventura positivas, mas muitas negativas”.
O teletrabalho estava a evoluir de forma “lenta” e, com a situação criada pela pandemia covid-19, os trabalhadores foram mandados de forma “abrupta” para uma nova circunstância do trabalho, tendo sido evidenciado a “falta de meios” e a “falta de condições” em casa.
Américo Monteiro constatou que a indisponibilidade para pagar salários por parte e de empresas poucas semanas depois de terminar a atividade, afirmando que “um grande número das empresas portuguesas trabalham no ‘fio da navalha’, sem ter suporte para qualquer imprevisto”, revelando também que “são com frequência prisioneiros de intermediários” que “ganham bom dinheiro”.
Solange Pereira Se lembrou que quem procura o primeiro emprego tem dificuldades que “se agravaram” com a situação da pandemia, acentuando-se também a “incerteza em relação ao futuro, medo e ansiedade”.
De segunda a sexta-feira, a Agência ECCLESIA partilha conversas com quem se inspira na mensagem do Papa “Estamos todos no mesmo barco e ninguém se salva sozinho”; a semana começa com temas direcionados para jovens, depois a solidariedade e o cuidado da casa comum, as novas formas de liturgia e de pertença, os acontecimentos vividos a partir do Vaticano e, a terminar a semana, uma conversa com propostas e perspetiva culturais.
(com Ecclesia)