Por Renato Moura
O Papa Francisco, numa audiência no Vaticano, em 16.05.2022, afirmou “A política, é acima de tudo a arte do encontro” que “é vivido acolhendo o outro e aceitando a sua diferença, num diálogo respeitoso”, adiantando “não me posso contentar com um diálogo superficial e formal, como aquelas negociações muitas vezes hostis entre partidos políticos”.
Francisco acrescentou depois “somos chamados a viver o encontro político como um encontro fraterno, especialmente com aqueles que menos concordam connosco” numa atitude “com um acolhimento e respeito da sua pessoa, sem condições”. E explicitou “a política corre o risco de se transformar num confronto muitas vezes violento, a fim de fazer triunfar as próprias ideias, numa busca de interesses particulares e não do bem comum, contra o princípio de que a unidade prevalece sobre o conflito”.
O nosso Papa declarou “a política também é reflexão, ou seja, a formulação de um projecto comum”, pois “entendemos que a política se leva adiante com uma reflexão comum, em busca desse bem geral, e não simplesmente com o confronto de interesses conflituantes e muitas vezes opostos” visto que “o todo é maior que a parte”.
Por fim Francisco considerou “a política também é acção” e acrescentou “precisamos sempre confrontar as nossas ideias com a profundidade da realidade, se não quisermos construir na areia que mais cedo ou mais tarde acaba cedendo” sem esquecermos que “a realidade é mais importante que a ideia”.
Em resumo: o Papa Francisco declarou “a política é a arte do encontro, reflexão e acção”.
Vêm a caminho muitas eleições e as antecedentes campanhas eleitorais e debates. As transcrições feitas talvez nos ajudem a perceber e a julgar se há respeito, diálogo sério, reflexão sobre realidades concretas, procura do interesse comum. Ou se, ao invés, discussão violenta, procura de interesses particulares, provocação e conflito, ou projectos alicerçados em areia.
Aqui, na semana passada, tentei deixar um contributo para a compreensão deste tempo político. Os muitos adágios recordados tiveram a intenção de oferecer chaves da cultura popular, para destrinçar e questionar o que nos tentarão meter pelos olhos dentro, nos próximos meses; usar ensinamentos do povo para nos atiçar a argúcia na descoberta do que está para além das palavras; da distinção entre as verdades cruas e as mentiras disfarçadas; da diferenciação entre promessas irreais e realizações possíveis.
O Papa Pio XI definiu a política como «a mais alta forma de caridade». Será isso que nos vão oferecer?