“A pessoa consagrada atesta aquilo que é visto como impossível no mundo de hoje”

Número de religiosos na Região diminui. Um dos mais importantes conventos de Angra, São Gonçalo,  tem apenas três irmãs.

No momento em que se vive a Semana do Consagrado, quase a terminar no dia 2 de fevereiro, no Dia em que a Igreja celebra também a apresentação do Senhor no Templo, o Portal da Diocese ouviu uma das religiosas presentes no arquipélago.

 

Ir. Nívea Gonçalves

A irmã, Ir. Nívea Gonçalves, é catequista da infância e Ministra extraordinária da comunhão na Paróquia da Sé.

É uma das três irmãs da congregação das Missionárias Reparadoras do Sagrado Coração de Jesus.

Para além da vida da comunidade religiosa, de acordo com o carisma próprio da congregação, no convento de São Gonçalo, funciona um Jardim de Infância com cerca de 140 crianças.

Existe, também, no Convento a Igreja da São Gonçalo, cujo padre reitor é Duarte Rosa, e está aberta ao culto.

 

Portal da Diocese (PD)- Como é a vida de uma religiosa consagrada?

Irmã Nívea Gonçalves (Ir. NG)- É uma vida de oferta a Deus, imitando e seguindo Jesus Cristo. A consagração religiosa radica na consagração batismal e exprime-a mais plenamente através da vivência dos conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência, vivendo exclusivamente para Deus ao serviço da Igreja.

 

PD- Que tipo de experiência espiritual se vive que determine essa opção?

 

Ir. NG- Para esta opção de seguir o chamamento de Cristo é necessária uma experiência espiritual de fé, vivência da Palavra de Deus e dos Sacramentos.

 

PD- Como é que uma consagrada serve a Igreja e por isso a comunidade?

 

Ir.NG- Uma consagrada serve a Igreja e a comunidade através do testemunho coerente de fidelidade aos seus compromissos e colaboração nas atividades apostólicas da Igreja.

 

PD- Que balanço faz da sua vida?

 

Ir. NG- Penso que o balanço é positivo, pois ao longo de toda a minha vida tenho procurado ser fiel à minha consagração, às atividades da minha Congregação que me são entregues e colaboração no apostolado da Igreja local onde estou inserida.

 

PD- Que tipo de atividades desenvolve?

 

Ir. NG- Depois da fase inicial de formação espiritual, apostólica e técnica tenho exercido a profissão de Educadora de Infância nos Jardins de Infância da Congregação das Missionárias Reparadoras do Sagrado Coração de Jesus, a que pertenço, ou nas obras ao cuidado da mesma. Também tenho colaborado sempre na catequese paroquial, pastoral litúrgica, incluindo o serviço de ministro extraordinário da comunhão, na celebração da Eucaristia e a doentes ao domicílio.

 

PD- Quais as que a enriqueceram mais do ponto de vista espiritual e humano?

 

Ir. NG- Do ponto de vista espiritual, sem dúvida a catequese; do ponto de vista humano creio que foram as atividades nas obras sociais com crianças e famílias.

 

PD- Que desafios se colocam hoje aos que optam por uma vida consagrada?

 

Ir. NG- Os que optam por uma vida consagrada hoje são desafiados a um discernimento claro e profundo da sua vocação como consagrado, vivendo a sua realidade à qual é chamado a ser e a agir de uma forma especial, ou seja, a sua missão profética que tem o seu fundamento nos conselhos evangélicos: castidade, pobreza e obediência. A pessoa consagrada atesta que aquilo que é visto como impossível no mundo de hoje, torna-se com a graça do Senhor Jesus possível e verdadeiramente libertador. Sim, em Cristo é possível amar a Deus com todo o coração pondo-O acima de qualquer outro amor e amar assim com a liberdade de Deus todas as criaturas.

 

É preciso ser testemunhas autênticas no ser e no agir de fazer as coisas, “despertar o mundo que é possível viver neste mundo de forma diferente” (Papa Francisco). Sentir a alegria de ser chamado com um único objetivo de servir o povo de Deus em qualquer circunstância. Que cada um sinta a realidade e o desafio do seu chamamento como um caminho de vida. “Eu não sou anónimo ou sem sentido no mundo: há uma chamada, há uma voz que me chamou, uma voz que sigo” (Papa Bento XVI).

 

PD-  Se voltasse atrás tomaria o mesmo rumo?

 

Ir. NG- Sim! Em qualquer estado de vida ou em qualquer trabalho temos de contar com momentos bons e com algumas dificuldades, mas o importante é ultrapassá-las. Por isso sinto-me feliz pela minha opção.

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