O bispo de Angra presidiu à festa de São Sebastião na paróquia do coração da cidade de Ponta Delgada e , a partir da biografia do mártir, lembrou os sinais de esperança que vêm de Gaza e de Israel e apelou a outros sinais noutras latitudes, mesmo “se pequenos”
Cada sinal de paz “mesmo se pequeno” deve ser valorizado e neste domingo o regresso de tantos palestinianos a Gaza e a libertação de três reféns israelitas, na sequência do acordo de cessar fogo neste conflito entre Israel e o Hamas, deve ser celebrado como um sinal de esperança, afirmou o bispo de Angra, esta tarde em Ponta Delgada.
D. Armando Esteves Domingues enumerou vários sinais de esperança que devem ser sublinhados e , sobretudo potenciados seja à escala mundial seja nos pequenos gestos do quotidiano, durante a homilia da festa de São Sebastião na maior cidade açoriana, a que presidiu pela primeira vez desde que é bispo de Angra.
“Temos razões para a esperança? ” interpelou logo no começo da homilia que proferiu na Missa Solene da Festa de São Sebastião padroeiro desta igreja do coração de Ponta Delgada.
“Neste dia não ficamos certamente indiferentes aos sinais de esperança que animam os cortejos do povo massacrado de Gaza que voltam a casa. Embora encontrem tudo destruído, depois de uma guerra que lhes deixou cerca de 47 mil mortos e 110 mil feridos, não deixam de vislumbrar a esperança que brota do acordo de paz. Falam igualmente as manifestações públicas de esperança em Israel pelos primeiros reféns a serem libertados depois de mais de um ano de cativeiro” sublinhou recordando também a Ucrânia.
” Quantas pessoa e até soldados, à imagem de São Sebastião não terão tido gestos humanitários e de solidariedade? Nós que iniciámos o ano, elevando a Santuário a Ermida da Paz e rezando para que ela vença em todos os lugares da terra, alegremo-nos por cada sinal de paz, mesmo se pequeno” disse o prelado diocesano.
“Ter esperança é rezar pela paz, é acreditar que é o único caminho da humanidade” afirmou, ainda, destacando também que todos os cristãos devem ser portadores de esperança no quotidiano, “na vida do dia a dia que é o nosso palco, onde somos chamados a dar razões da esperança que habita em nós e que é Cristo vivo, o Ressuscitado”.
“Dar razões da esperança é missão de cada batizado” prosseguiu lembrando que, por vezes, perante ambientes hostis à fé, “o melhor é não dizer nada e deixar falar a nossa atitude. Outras, será preciso, intervir, discordar, lutar pela justiça”, mas ” pessoalmente o que me custa é ter uma oportunidade para falar da fé e não estar pronto ou não conseguir mostrar convenientemente a razão da minha esperança e da minha alegria” , enfatizou.
“Sinto isso como dramático”, confessou afirmando que ” a esperança nasce do coração enamorado por Cristo”.
“Quanto mais normais e humanas forem as palavras mais serão ouvidas. A paz que leva à esperança precisa do dialeto das mães e dos pais, das crianças e dos velhinhos. Pede que se fale das dificuldades com fé, das provas da vida e das doenças com esperança, dos outros com caridade. É bom partilhar aquilo que nos faz gostar de viver, de como vivemos o sofrimento e procuramos a felicidade”, concluiu.
D. Armando Esteves Domingues, que é presidente da Comissão Episcopal para a Missão e Nova Evangelização da Conferência Episcopal Portuguesa não deixou de frisar que esta semana, desde ontem e até ao próximo sábado, dia 25, há também motivo para a esperança no campo do Ecumenismo. Decorre já a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que terá na diocese várias celebrações entre Igrejas Cristãs. Também esta é uma dimensão importante numa Igreja Sinodal, alertou o bispo de Angra: “rezar juntos ao nosso Deus, viver unidos no nome de Jesus e na nossa mesma fé trinitária, colocar os relacionamentos fraternos que hão-de iluminar e fazer ultrapassar diferenças, até que um dia como dizia já Paulo VI e o grande Patriarca Atenágoras: possamos todos celebrar sobre o mesmo cálice”.
Depois de apresentar alguns números sobre as perseguições aos cristãos em todo o mundo, D. Armando Esteves Domingues, desafiou os cristãos de Ponta Delgada a não desistirem de dar esperança “aos 25% de pobres, aos sem família e casa, os sem abrigo, etc”.
“É também aí que precisamos lançar a esperança com coragem e sem medo de endossar a veste da santidade” disse o prelado terminando com uma oração.