Reunião junta responsáveis da pastoral social em Fátima, até quarta-feira
Os últimos dados do Eurostat revelam que o risco de pobreza e exclusão social está a aumentar e atinge um em cada cinco habitantes dos estados-membros da União Europeia. Portugal está abaixo da média europeia, em oitavo lugar entre os piores, e foi o que mais se afundou nas condições de vida, fruto da pandemia. Existem agora 2,3 milhões de pessoas em risco de pobreza, isto é, 22,4% da população portuguesa. O mais impressionante é que 11% dos que estão em risco de pobreza são trabalhadores.
Uma análise mais detalhada aos dados nacionais, revela que, tal como na generalidade da UE, a pobreza atinge mais as famílias portuguesas com crianças, a população menos instruída (30,4% têm ensino primário e básico, por oposição a 8,7% de licenciados) e as mulheres. Entre os carenciados, 22,9% são crianças e 24,2% têm entre 18 e 24 anos. Aqui, ao contrário da média da UE, os mais idosos não são os que registam melhores condições de vida: são tão sacrificados quanto os jovens.
A situação agravou-se com a pandemia, aprofundando as desigualdades, com particular impacto na classe média.
Estas questões vão estar em destaque no 34º Encontro Nacional da Pastoral Social da Igreja, que começa hoje em Fátima e se prolonga até quarta-feira.
No programa enviado aos órgãos de Comunicação Social, o Secretariado Nacional da Pastoral Social informa que vão começar por ‘ver/escutar’, para nos dois dias seguintes refletirem sobre ‘critérios’ e ‘para o agir concreto’.
‘Linhas de pobreza e exclusão em Portugal’ é o tema da conferência de abertura, apresentada pelo economista Nuno Alves, da Cáritas Portuguesa e do Banco de Portugal, após a intervenção de D. José Ornelas e de D. José Traquina, respetivamente o presidente da CEP e o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana (CEPSMH), às 15h00.
Depois, para apresentarem “uma leitura da realidade” da pandemia e da guerra, foram convidados João Pereira, da Cáritas Portuguesa, e José Esperança da Silva, da Cáritas Diocesana de Lisboa.
No dia 18 de outubro, o padre José Manuel Pereira de Almeida, da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, vai apresentar a conferência ‘para uma hermenêutica do social a partir da experiência cristã’, às 9h30, antes de um painel que vai fazer uma leitura da realidade a partir de aspetos relacionados com os “vulneráveis”, os cuidados de saúde, e a guerra.
‘Para o agir concreto’ marca o encerramento do Encontro da Pastoral Social 2022, com um painel centrado nas transições demográfica, ecológica e digital; outro sobre as ‘perspetivas sociais na JMJ Lisboa 2023’ e a conferência ‘o que faz uma fronteira’, de Inês Espada Vieira, professora da Universidade Católica Portuguesa (UCP).