Jovem estudante de História de Arte relembra ao Sítio Igreja Açores a experiência individual e de grupo que fez desde a preparação na ilha Terceira até Lisboa
Um ano depois da Jornada Mundial da Juventude Mónica Gonçalves, que trocou a Ribeirinha, na ilha Terceira, onde reside por Lisboa, onde estuda História de Arte, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, lembra que quando passa por alguns lugares onde esteve durante a JMJ a saudade bate à porta e até fica comovida.
“Um ano depois continuo a lembrar-me de grandes momentos juntos e de crescimento pessoal. A preparação e a Jornada permitiu-me uma ligação muito bonita e alegre com Deus” o que faz com que “ pense Nele sempre como um amigo, como Alguém que está em momentos bons e menos bons , mas que está sempre presente, na minha vida e na de todos”, refere a jovem que hoje já não tem o contacto tão permanente que tinha com o grupo que a levou a Lisboa mas “sempre que é possível falamos e reunimo-nos”.
“Como grupo já não nos vemos tanto. Eu fui para Lisboa mas continuamos a falar muito no whatsApp. Mas, o mais curioso é que pessoas que eram desconhecidas hoje passaram a ser como família e estamos todos ainda muito unidos”, refere salientando a partilha de informação ou de músicas entre todos.
“Até em Lisboa pessoas que, por circunstâncias menos positivas que nos aconteceram como grupo, nos ajudaram, também com elas, hoje, mantenho uma amizade estreita” acrescenta ainda salientando o “Senhor Luís, que é uma espécie de avô em Lisboa” ou a “D. Fátima, voluntária, que a ajudou” e que visita regularmente em Lisboa e agora recebe-a na Terceira.
“São situações humanas que ficam para além do encontro com Jesus” refere ainda a jovem que espera agora que a Igreja não perca esta oportunidade de acolher, integrar e respeitar todos independentemente das suas circunstâncias.
“A fé não pode ser imposta no coração de ninguém: é preciso uma experiência, um encontro verdadeiro com este Deus amigo, que é luz no nosso coração, a quem agradecemos e com o qual a nossa vida torna-se mais viva e alegre”, afirma Mónica Gonçalves salientando, contudo, que é preciso que “a igreja se lembre disto”.
“Tenho esperança que a Igreja prossiga este caminho: sem julgamentos. O que aconteceu na Jornada foi muito bonito e disseram-se coisas e viveram-se momentos muito intensos. Os nossos padres agora têm de prosseguir este trabalho” refere ainda.
“Espero que os padres se aproximem mais dos jovens, com palavras de conforto e de acolhimento. Muitos têm feito esse esforço: ser simples e cada vez mais próximos da mensagem de Deus, de humildade, de simplicidade, de acolhimento” diz, apelando também aos jovens para não se auto-excluírem em função da sua circunstância pessoal.
“A Igreja é para todos e Deus ama-nos nas nossas circunstâncias. Mesmo nos momentos em que estamos pior”, conclui a jovem.
A Jornada Mundial da Juventude em Lisboa decorreu de 1 a 6 de agosto e nela participaram 900 jovens dos Açores.
O dia 3 de agosto foi um dos mais lembrados por causa da Via-sacra interpretada pelos jovens no Parque Eduardo VII.
Na ocasião, Francisco lembrou que o caminho é com Deus.
“Jesus caminha, mas espera por algo. Espera a nossa companhia. Espera que olhemos, não sei, espera que se abram as janelas da minha alma, da tua alma, da alma de cada um de nós. Como são feias as almas fechadas. Que semeiam para dentro, que olham para dentro. Não faz sentido, Jesus caminha e espera com o seu amor, espera com a sua ternura, para nos dar conforto. Para nos enxugar as lágrimas”, afirmou o Papa.
“Vou fazer agora uma pergunta, mas não respondam em voz alta, cada um de vós responda por si próprio. Choro de vez em quando? Há coisas na vida que me fazem chorar? Todos nós já chorámos na nossa vida, e continuamos a chorar. E aí está Jesus connosco. Ele chora connosco, porque nos acompanha na escuridão interior. Façamos um pouco de silêncio e cada um de nós diga a Jesus porque é que choramos na vida. Cada um de nós diga-lhe agora. Em silêncio” interpelou.