Diretor da RTP Açores e jornalista comenta a mensagem do Para para o 58º Dia das Comunicações Sociais, que se assinala este domingo
O jornalista Rui Goulart defende que só uma regulamentação forte por parte das autoridades e uma ética pessoal apurada podem evitar um mau uso da Inteligência Artificial.
“Temos de ter uma regulamentação forte e a definição do que cada um de nós quer fazer ao utilizar esta oportunidade tecnológica que tem vantagens indiscutíveis” refere o jornalista numa entrevista ao programa de rádio Igreja Açores, que vai para o ar este domingo depois do meio-dia na Antena 1 Açores e no rádio Clube de Angra bem como numa série de rádios da diáspora açoriana nos Estados Unidos e Canadá, a propósito da mensagem do Papa Francisco para o 58º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que se assinala este domingo, dia 12 de maio.
“Os interesses, o mercado, o lucro podem ainda criar mais desigualdades sociais e por isso precisamos de ter muita atenção” sobretudo na educação para esta nova realidade, que já entrou na vida quotidiana em vários domínios, nomeadamente na informação, refere ainda Rui Goulart, chamando a atenção para a necessidade de uma maior formação dos grupos vulneráveis como os jovens e os idosos, mais expostos e porventura mais permeáveis a esta tecnologia.
“Educar pedagogicamente para ler, ouvir e discernir se é verdade ou mentira o que nos é dado pelos órgãos de informação” refere alertando para a necessidade de uma “vigilância constante”.
“Já assistimos a narrações parceais ou falsas que ajudam a construir uma realidade que não é verdadeira mas que é repetida massivamente nas redes sociais” e “é contra isso que temos de lutar”, refere.
“A seguir à bomba atómica é a maior revolução; considero que é uma das mudanças mais perigosas da humanidade se for usada no sentido do mal”, diz.
Hoje, é “fácil fazer isto e nós, muitas vezes, já não conseguimos distinguir o que é verdade do que é mentira”.
“Sabemos como a pseudo-realidade pode tornar-se viral” diz Rui Goulart sublinhando que dada a eficácia, utilização e potencial desta tecnologia há que estar vigilante sobre a tentação de a usar em proveito de um grupo restrito ou de interesses parciais pondo em causa o bem comum.
No comentário à mensagem do Papa para o 58º Dia Mundial das Comunicações Sociais, intitulada “A inteligência Artificial e sabedoria do Coração- para uma comunicação plenamente humana”, o jornalista açoriano acompanha o Santo Padre nos alertas e nas esperanças de que a IA , enquanto ferramenta tecnológica possa ser um desafio à criatividade e à criação de comunidade permitindo a junção de meios e de sinergias na afirmação da comunicação social, nomeadamente junto dos órgãos de informação mais pequenos que podem poupar recursos e ao mesmo tempo promover comunhão.
“O jornalismo é uma missão: informar e formar as pessoas e isso faz-se com pessoas”, diz ainda o jornalista, sublinhando o papel indispensável do jornalista na construção da notícia.
A entrevista vai para o ar este domingo depois do meio-dia na Antena 1 Açores e no rádio Clube de Angra.