Processo de construção da nova Igreja de Santa luzia de Angra foi hoje revisitado pelos seus promotores
A comunidade paroquial de Santa luzia, em Angra, foi convidada a refletir hoje sobre o processo de construção da nova Igreja, um projecto desenvolvido há 25 anos e que contou com a participação do arquitecto que desenhou o templo e dois dos párocos que iniciaram e terminaram o projecto bem como o historiador Francisco Maduro Dias.
O debate, moderado pelo atual pároco, padre Pedro Lima, começou com uma intervenção do cónego Manuel Carlos Alves, o pároco de Santa Luzia quando foi iniciado o processo de construção da Igreja, que viveu algumas vicissitudes com avanços e recuos por parte do Governo Regional que chegou a declinar dois projectos iniciais para este templo tendo de ser necessária uma posição mais firme da Igreja para que se pudesse construir a nova Igreja depois do abalo de terra em 1980, que danificou grande parte das estruturas da Igreja anterior.
Feito e aprovado o projecto, desenvolvido pelo arquitecto José Maria Vieira, a obra começou e representou um passo significativo na construção de uma nova cidade, já que se situa no limite entre a zona classificada de Angra e a cidade nova, como frisou Francisco maduro Dias, ex diretor do Gabinete de Gestão da Zona Classificada de Angra, que desenvolveu um itinerário citadino pelo Património Religioso Edificado de Santa Luzia, que precedeu a conversa já dentro da Igreja. O itinerário principiou na Igreja do antigo Recolhimento das Mónicas, e percorreu os principais pontos de interesse relacionados com a arquitetura religiosa existentes naquela freguesia, da arquitetura religiosa conventual à arquitetura religiosa privada, da Ermida de São João de Deus aos impérios do Espírito Santo.
A iniciativa paralela à exposição “Lugares do Sagrado”, desenvolvida em parceria com a Direção Regional da Cultura, dedicada ao Património Religioso de Santa Luzia, insere-se nas comemorações dos 25 anos desta Igreja, que já obedeceu ao enquadramento litúrgico do Concílio Vaticano II.
Este novo templo, inaugurado e dedicado no dia 7 de março de 1999, com o ideal de uma Igreja pós-contemporânea com a linguagem arquitetónica no umbral do século XXI, é uma espécie de olho sobre a cidade em contacto permanente com o Céu. Na sua génese está presente uma visita ao documento conciliar Gaudium et Spes, em que a Igreja vive voltada para a cidade e para o quotidiano, irradiando a alegria e a esperança do Evangelho, comunicando entre a parte nova e velha da cidade, funcionando como duas grandes janelas sobre a cidade. Acresce que o altar está no centro da Igreja, sob a zona mais alta do tecto. A ideia foi garantir uma Igreja virada para a cidade, que permitisse também “espreitar” o Céu, ressalvou o arquitecto.
O curato de Santa Luzia foi desmembrado da Paróquia da Sé e elevado a paróquia por Decreto de 23 de Maio de 1595, a pedido do bispo D. Manuel de Gouveia.
A Igreja de Santa Luzia de Angra está edificada numa das zonas mais altas da cidade e resultou da necessidade de reconstrução da Igreja primitiva destruída pelo sismo.