O novo livro da autoria de um sacerdote e de uma religiosa, padre Nuno Pacheco de Sousa e Irmã Idalina Alves, foi apresentado esta tarde, no dia em que se evoca a memória litúrgica do padroeiro principal da diocese
“João Baptista Machado, um angrense dos Açores para o mundo” é o titulo do novo livro com textos do padre Nuno Pacheco de Sousa e gravuras da Irmã Adelina Alves, confhic, que conta a história do principal padroeiro da diocese de Angra.
O livro, uma edição conjunta da diocese de Angra e da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, destina-se a um publico mais jovem e conta “de forma simples e direta” a vida e a obra deste jovem açoriano que ingressou na Companhia de Jesus e rumou ao Japão para evangelizar e morreu aos 35 anos de idade e hoje é considerado pela Igreja como um dos mártires do Japão.
Esta “vontade de dar a conhecer Jesus” é porventura uma das qualidades apontadas pelo autor dos textos, o padre Nuno Pacheco de Sousa.
“Ele tinha uma enorme capacidade de sonhar e de partir à aventura” refere o pároco de Rabo de Peixe, na ilha de São Miguel.
“Ele vai muito novo para o Japão onde morre também muito novo” refere o sacerdote reconhecendo algum ímpeto e risco na sua vida.
“É preciso notar que ele parte de Angra contra a vontade dos pais e como vivia entre os capitães generais e a Companhia de Jesus, naturalmente que esta sua ânsia de aventura passava justamente por dar a conhecer Jesus” refere o sacerdote em declarações ao Sítio Igreja Açores.
A iniciativa de perpetuar a memória deste jovem missionário, que hoje é o padroeiro principal da diocese, cuja memória litúrgica se assinala esta segunda-feira dia 22 de maio, partiu do Serviço Diocesano da Pastoral da Cultura, através da delegação da Terceira, no ano de 2015/2016 mas que só agora chegou ao fim com a publicação do livro.
A apresentação decorreu no Centro Cultural e de Congressos de Angra com a participação de alunos do primeiro ciclo das escolas de Angra e a presença do bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues.
Foram editados 500 exemplares que agora serão distribuídos pelos mais novos.
O livro tem uma nota de abertura do Cónego Hélder Fonseca Mendes que no texto refere a importância de perpetuar a memória de um dos “maiores” dos Açores.
“À medida que as gerações se vão distanciando, a sua vida pode ficar no desconhecimento de uns e no esquecimento de outros. Para que tal não aconteça, fazia falta dar a conhecer ao público mais jovem o padroeiro da Diocese de Angra, dos emigrantes e missionários açorianos, e agora padroeiro, modelo e padrão dos jovens açorianos que participam nas Jornadas Mundiais da Juventude”.
“Ficamos a conhecer de um modo simples e belo, pelo conteúdo e pela forma, um jovem nobre e bom, são e santo, orgulho das suas gentes, testemunha máxima do evangelho, inspiração e estímulo para a fé cristã universal, sempre vivida localmente” refere o vigário geral da diocese.
Por diligências do bispo D. João Maria Pereira de Amaral e Pimentel realizou-se a 30 de Abril de 1876, na igreja do Colégio dos Jesuítas de Angra, a primeira festividade pontifical em honra do glorioso mártir cristão beato João Baptista Machado, cuja imagem aquele bispo ofertara e nesse dia benzera, proclamando-o patrono da cidade, da ilha e da diocese.
Em 1962 foi declarado pelo papa João XXIII protetor especial da Diocese de Angra, sendo 22 de Maio a sua data de veneração. Quando houve em Angra do Heroísmo uma exposição dedicada ao emigrante açoriano, a comissão, presidida por José Agostinho, com o apoio das autoridades eclesiásticas, escolheu João Baptista Machado para patrono dos emigrantes açorianos.
A Junta Geral do Distrito Autónomo de Angra do Heroísmo, na altura presidida por Agnelo Ornelas do Rego, declarou beato João Baptista Machado como patrono do Distrito de Angra e promoveu, durante anos, no dia 22 de Maio, uma sessão solene em sua homenagem. Com a extinção do distrito, tal prática caiu em desuso.
A primeira obra conhecida que biografa João Baptista Machado deve-se ao jesuíta António Francisco Cardim, que louvou João Baptista Machado na sua obra Elogios, e ramalhetes de flores borrifado com o sangue dos mártires da Companhia de Jesus, a quem os tiranos do Império de Japão tiraram as vidas, publicada em 1650.
Além de ter sido declarado Padroeiro principal da Diocese de Angra, a sua imagem está exposta em várias igrejas da diocese e na diáspora açoriana, em esculturas e vitrais.
Dá nome a uma rua na cidade de Angra e a uma outra na freguesia da Ribeirinha. Empresta, ainda, o seu nome a um Jardim-de-infância, a uma Escola do 1º Ciclo, um Centro Residencial Juvenil e uma Cooperativa de Consumo. Tem uma estátua numa praça pública da cidade de Angra. A sua vida está representada em peça de teatro e em dança de espada.
Há uma comissão diocesana para a Causa da canonização, estando publicados dois livros sobre a sua vida, obra e martírio, para além de variados artigos dispersos.