“A fé não é nem pode ser uma imposição” diz responsável pelo Serviço Diocesano da Pastoral Juvenil

Entrevista ao jornal Diário dos Açores no Dia Mundial da Juventude `avalia´ Sínodo de Bispos sobre os jovens

O diretor do Serviço Diocesano da Pastoral Juvenil, Pe Norberto Brum, afirma que a fé “não é, nem pode ser, uma obrigação ou imposição”, numa entrevista ao jornal Diário dos Açores, no dia em que a Igreja assinala o Dia Mundial da Juventude.

A jornada diocesana decorre em todas as ilhas, com os vários serviços a mobilizarem os jovens para actividades diversas, mas o responsável diocesano sublinha que “nem a Igreja, nem o Estado, nem qualquer outra realidade ou instituição têm e são varinhas de condão, nem têm a solução para todas as respostas” no que concerne aos anseios e problemas da juventude açoriana. O Director Diocesano da Pastoral Juvenil assume que só com uma Igreja mais próxima dos jovens se poderão ultrapassar muitos dos obstáculos do dia-a-dia.

Relativamente ao Dia Mundial da Juventude reconhece que “é sempre um marco importante na vida e na caminhada cristã dos nossos jovens, uma vez que, para além do convívio, das partilhas, de tudo quanto possa ser vivido e experienciado, é momento e ocasião de celebração de fé, de encontro e, sobretudo, momento de fazermos passar uma mensagem: tudo o que possa ser feito neste dia não é outra coisa que não o momento de transmitir uma mensagem, fazer chegar ao coração e à vida dos jovens uma palavra, uma proposta, um desafio”. O sacerdote diz que é um momento de levar “a um compromisso efetivo e afetivo com o mundo, com a Igreja, com os outros e consigo próprios”.

Na entrevista ao jornal, o Pe. Norberto Brum, lembra a importância dos jovens evangelizarem outros jovens, sobretudo num tempo em que podem ser testemunhas de Cristo.

“Queremos ajudar os jovens a descobrirem o sentido da partilha, o sentido dos outros e a serem eles próprios a partilha através do seguimento de Jesus partindo de uma opção vocacional concreta, seja ela qual for”, adianta.

“Os jovens açorianos não são diferentes dos jovens de outros locais, é certo que existem especificidades dada a nossa realidade de ilhéus hoje e, para mim, penso que uma das inquietações, prefiro esse termo, é o medo e a incerteza. Apesar do jovem ser por natureza um aventureiro, sinto que há um certo medo em arriscar decisões arrojadas, um compromisso sério efectivo, e também afectivo”, salienta ainda.

O Pe. Norberto Brum  fala também do Congresso Diocesano de Jovens,que se realizará em junho, em São Miguel, e que surge na dinâmica do Sínodo dos Bispos sobre a Juventude, a realizar em Outubro, em Roma.

“O primeiro momento deste Congresso é escutar os jovens. Neste sentido, já está a decorrer a auscultação dos jovens açorianos através de um questionário que está disponível online” adianta.

“No fundo, pretende-se que os jovens ajudem a Igreja na nossa Diocese a ser e estar com eles, queremos que os jovens nos deem pistas e até orientações para que a nossa ação pastoral não seja desfasada das suas realidades, nem sejam respostas a perguntas que os jovens não formularam” disse ainda.

“Se irão surgir ferramentas e respostas que ajudem a trabalhar com os jovens? É isso mesmo que se pretende! Mas que aconteça no envolvimento de todos e, sobretudo, partindo dos próprios jovens”, conclui.

O sacerdote diz ainda que “Não há, não pode haver cristãos formatados e estagnados. As crianças devem ser tratadas como crianças, os jovens como jovens, os adultos como adultos, cada um tratado no seu tempo e para o seu tempo. As respostas que se davam aos jovens quando estes eram crianças não podem nem devem ser as mesmas” refere ainda o sacerdote que elogia este pontificado do Papa Francisco por romper com clichés do passado.

 

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