Por Renato Moura
Quando tudo corre bem, geralmente pensamos que não precisamos de nada, esquecemos que somos seres vulneráveis e sobretudo que somos finitos. Não festejamos a saúde, mas choramos a doença!
Perante a doença, talvez a maioria pense que o seu caso é o pior, talvez sem cura, que estará perto o fim do percurso terrestre. É mais fácil que acorram à mente os casos – que elegemos como comparáveis – de insucesso, do que aqueles muitos em que a evolução da ciência, que Deus permitiu, foi capaz de resolver. Alguns atingirão mesmo o desespero e perguntarão: porquê a mim?
Certamente há quem se esqueça, na azáfama de todos os dias, do Deus que permite a nossa existência. Mas poucos serão aqueles que, perante a adversidade, não se lembrem de pedir socorro a Deus, com ou sem a intercessão de Nossa Senhora, sob as diversas invocações, ou de todos os santos e santas.
Deus não se admira de qualquer atitude humana. Ele conhece-nos melhor do que nos conhecemos a nós próprios! Mesmo quando nós não reconhecemos, ou ainda não fomos capazes de aprender quando a nossa tribulação é bem menor do que muitas desgraças que vimos ou vemos à nossa volta, mesmo aí Ele compreende e na sua misericórdia perdoa.
Deus aprecia que pelo menos a doença se torne para nós numa oportunidade de encontro com Ele. Rezar na aflição não é mais do que Ele nos ensinou, quando disse “Pedi e ser-vos-á dado; procurai e achareis; batei e abrir-se-vos-á”. O Papa Francisco tranquiliza aqueles que se revoltam quando são postos à prova, pois que estão a colocar perante Deus aquilo que sentem e rezar é apresentar-se com verdade diante de Deus. Diz mesmo “Reza-se com a realidade; a verdadeira oração vem do coração, do momento que uma pessoa está a viver”.
A demonstração de que Deus compreende o sofrimento humano pode retirar-se do facto de o próprio Filho Jesus, na sua encarnação como homem também sofrer e até lamentar “Pai, porque me abandonaste?”, que o Papa explica como não foi uma blasfémia, mas uma oração (Cf. homilia de 30.09.14).
A doença também pode ser uma oportunidade, se outras não soubemos aproveitar, para seguirmos o Espírito Santo que nos ilumina, para recebermos o conselho do nosso anjo, pois que Deus disse “Eis que Eu envio um anjo diante de ti para te guardar, para te acompanhar no caminho”.
Foi uma dádiva divina quando na doença ou na adversidade estivemos confiantes de que Deus nos ama, nos forneceu os recursos necessários e a certeza de que nunca partiremos deste mundo sem que estejam terminados os desígnios da Providência.
Renato Moura