A desconformidade da cobertura noticiosa

Por Renato Moura

O Sínodo dos Bispos, que tem por tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional” iniciou-se, no Vaticano, a 3 e decorre até ao dia 28. A reunião magna conta com a participação de 267 bispos, cerca de quatro dezenas de jovens e mais de duas dezenas de especialistas.

Estão a funcionar, para além das reuniões gerais do sínodo, 14 grupos de trabalho que, no fim da primeira semana, apresentaram as suas primeiras considerações e propostas. O português, falado por cerca de 350 milhões de pessoas, foi, pela primeira vez, adequadamente distinguido pela inclusão como língua oficial do Sínodo, congregando um grupo que, no seu primeiro relatório apresentado, realça a necessidade de ir ao encontro dos jovens onde eles se encontram e a necessidade de um “processo de iniciação cristã que conduza ao encontro pessoal com Jesus Cristo, consolide a identidade cristã, o sentido de pertença à Igreja e o compromisso missionário”.

O Círculo de língua portuguesa defende uma Igreja presente no ambiente digital, sublinha “o papel fundamental da família na vida dos jovens e a crise de identidade das funções do pai e da mãe” e “o valor das jornadas mundiais, nacionais e diocesanas da juventude, que colocam o jovem no centro da acção eclesial”.

Grupos de outras línguas expressaram muitas considerações frontais e valorosas, todas acessíveis, trazidas à luz pelo Vaticano com transparência que é justo relevar.

Este Sínodo não é um acontecimento vulgar na vida da Igreja, não tem como objectivo apenas uma conversão pastoral e não visa somente uma renovação de estruturas. Percebe-se que o Papa Francisco não visou arrebanhar vocações para a função eclesiástica, mas criar caminhos para ajudar todos os jovens à descoberta da sua vocação seja ela qual for, considerando que essa descoberta é alicerce indispensável para a vida de cada um.

Reunidos, Deus está no meio deles, pelo que a Igreja espera do Sínodo muitos resultados proveitosos, mas é legítimo acreditar que tudo quanto nele se reflectir, estudar e concluir, contribua para o progresso da humanidade. Centrar atenção nos jovens é construir o futuro.

Estamos habituados a que a comunicação social encha e repita noticiários e debates sobre os erros dos humanos que servem a Igreja, que, quando verdadeiros, merecem ser condenados e irrepetíveis.

Um evento de envolvência mundial como é o Sínodo, deveria também merecer tratamento alargado na comunicação social, sob pena de sermos obrigados a comprovar que existe desconformidade consciente na cobertura noticiosa.

 

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