Por Renato Moura
Parecia haver a certeza de que o Governo da República, apoiado por uma maioria absoluta, teria estabilidade, faria reformas de fundo e duraria uma legislatura. Mas tudo de mais estranho acontece e o experiente Chefe do Governo parece não saber de nada, não dominar sequer o essencial.
O Presidente da República impusera ao 1.º Ministro aguentar um governo de legislatura. Era a expectativa duma certeza. O apoio claro do Presidente: a um Governo cansado e requentado, agora com o copo das realizações já meio vazio. E nem lhe põe a mão por baixo. Resumindo: se acontecer um conjunto de coisas estranhas ou “uma coisa do outro mundo”, Marcelo não abdica do poder de dissolver a Assembleia e convocar eleições. Mas a essas incertezas soma-se a incerteza de na ocasião (pensar ele ou as sondagens!) haver alternativa.
Nos Açores o Governo Regional estava suportado por uma amálgama, de cores imiscíveis, com uma única certeza: os maiores entre os pequenos defenderem interesses próprios, aproveitando a sede de poder e docilidade do (tido por) liderante, sem rebuço de o atar de pés e mãos. E as incertezas a bailar nos olhos do povo!
Agora, quebrados os frágeis arames, vem o Presidente do Governo garantir-nos a estabilidade! Será andar devagarinho, pé ante pé, sem saber se a sorte está para a frente ou nesta estação? Estabilidade é manter-se aparentemente hirto e firme, mas aguentado, como sempre, as exigências, matreiras e ilimitadas, dos pequenotes parceiros de governo, a fazerem de gigantes?! Ou o que se segue é acordar informalmente em cima do desacordo formal anunciado pelos que zarparam? Em paz podre e de molde a ninguém correr o risco de perder?!
Mais que antes, agora a certeza das inúmeras incertezas! E a certeza de que falta coragem: a uns para quebrarem as amarras do acordo quase eterno e irem a votos sozinhos; a outros por saberem que não estão ainda perdoados!
No continente permanece a incerteza sobre o comportamento de algumas das cabeças coroadas da Igreja. A hoje designada homilia, era outrora chamada “explicação do Evangelho”; imperdoável haver hoje clérigos que não o percebem, ou não querem perceber e seguir. E isto de vítimas de pedofilia não é motivo para sorrir, por mais purpúrea que seja a cabeça. Há quem deu azo à Igreja se tornar motivo de chacota!
O que fazer então perante a certeza de tantas incertezas? Importa que todas as pessoas meditem, tomem a iniciativa e assumam responsabilidades, aos seus níveis: na intervenção política, na sociedade em geral e na Igreja em particular.