Jornadas da família em Vila Franca do Campo arrancaram esta quinta feira
As famílias constituem o “melhor remédio” para quebrar “a espiral de egoísmo e individualismo” e promover a “multiplicação de afetos”, disse esta quinta feira Maria José Dias, uma das intervenientes nas jornadas da Família promovidas pela Ouvidoria de Vila Franca do Campo, na ilha de São Miguel, no âmbito da Semana da Vida, que a diocese de Angra está a assinalar até domingo.
A técnica de ação social falou sobre a importância da família no processo de desenvolvimento da criança e do jovem enquanto espaço de comunicação de “regras, de respeito, de valores e de afetos”.
Maria José Dias destacou que hoje “é difícil para uma criança fazer um desenho sobre a família” porque os modelos estão desestruturados e as “referências” são cada vez menores sobretudo porque hoje “há mais dificuldades” em gerir a comunicação, “há menos tempo para a partilha” e os interesses “são mais diversificados”.
“Os Meios de comunicação- sejam os mass media sejam os gadgets como a playstation ou o tablet- dialogam mais com os nossos filhos do que nós próprios” disse Maria José Dias contrapondo a valorização “do contacto humano” ao “contato virtual”, que hoje parece estar a dominar a vida das pessoas.
“O indivíduo numa família é diferente”, o sentido de pertença “cria um vínculo e o ser humano não vive sem ele”, disse ainda a técnica pedindo aos pais que sejam cada “vez mais presentes” na vida dos filhos, “deem tempo aos filhos” porque “porque pais consistentes são aqueles que dão testemunho e têm tempo para os filhos”, “valorizando o ser em detrimento do ter”, impondo “limites e promovendo a organização”.
“Hoje educar é muito difícil porque pressupõe transmitir valores e ajudar os filhos a crescerem como pessoas e isso por vezes implica dizer não, impor regras e limites “ a que os jovens resistem sempre, concluiu.
O primeiro dia das jornadas sobre a Família começou com a apresentação de Ana Rita Aguiar e Sidónia Fita sobre a família no contexto social.
As duas assistentes sociais falaram sobre a primeira família da humanidade- Adão e Eva e seus filhos bel e Caim-; da evolução do conceito de família e da sua importância para a coesão social.
Percorrendo os vários modelos de família- desde a nuclear à multiassistida, sem esquecer a família extensa, a monoparental ou a reconstituída- ambas defenderam a “importância fulcral dos afetos” para consolidar laços e “um projeto de vida partilhado”.
As jornadas familiares de Vila Franca do campo prosseguem esta noite, com uma abordagem à família no plano cristão, quer como igreja doméstica quer como espaço de transmissão da fé.