Irmandade do Senhor Santo Cristo propõe reflexão sobre a Fé nas maiores festas religiosas dos Açores

Festas decorrem entre 8 e 14 de maio e assentam na mensagem “Fé: confiança no caminho da Salvação”

As Festas do Senhor Santo Cristo dos Milgares, que se realizam entre 8 e 14 de maio, em Ponta Delgada, e que serão presididas pelo bispo auxiliar de Braga, D. Francisco Senra Coelho, têm este ano como mote a “Fé: confiança no caminho da Salvação”.

Segundo uma nota de imprensa da Irmandade do Senhor Santo Cristo, entidade organizadora das maiores festas religiosas dos Açores, “a Fé é uma relação confiança. É crer e acreditar. É a conversão permanente. É , também, um caminho de felicidade”.

“A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se veem. Embora invisível, a Fé é sensível” acrescenta ainda a Irmandade sublinhando o sentido biblico da Fé.

A Irmandade sublinha na nota de imprensa que esta festa “une  todos os cristãos, em particular os açorianos” sejam os residentes sejam os que estão espalhados pelo mundo, para quem pede ao Senhor Santo Cristo que “abra o coração e ilumine o Espírito, ensine os seus caminhos, olhe com misericórdia e dê a sua benção”.

O Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Braga, D. Francisco Senra Coelho, é o convidado de honra para presidir às Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres.

D. Francisco José Villas-Boas Senra de Faria Coelho nasceu a 12 de março de 1961 em Maputo, Moçambique sendo os pais naturais de Adães, concelho de Barcelos na Arquidiocese de Braga.

Estudou em Barcelos, depois em Braga e em 1980 ingressou no Seminário Maior de Évora onde concluiu o curso superior de Teologia, sendo posteriormente ordenado a 29 de junho de 1986 pelo Arcebispo de Évora, D. Maurílio de Gouveia.

Antes de ser nomeado pelo Papa Francisco , o prelado da arquidiocese de Braga foi  pároco de Nossa Senhora de Fátima e de São Manços em Évora e de Nossa Senhora da Consolação em Arraiolos além de ser o vigário forâneo da Vigaria de Évora e o moderador da Zona Pastoral Centro/sul da Arquidiocese de Évora.

Foi assistente diocesano do Movimento da Mensagem de Fátima, da Associação dos Missionários de Cristo Sacerdote, do Movimento dos Cursos de Cristandade e membro do Conselho Presbiteral e do Cabido da Basílica Metropolitana de Évora, na qualidade de cónego capitular, assumindo as funções de tesoureiro-mor.

Entre 1986 e 1988 foi vigário paroquial das paróquias de Nossa Senhora da Saúde e Nossa Senhora de Fátima em Évora, redator religioso e cultural da Rádio Renascença – Voz do Alentejo e assistente diocesano das Obras Missionárias Pontifícias além de capelão do estabelecimento prisional de Évora.

De 1990 a 2000 Francisco José Senra Coelho foi diretor e editor do boletim ‘Igreja Eborense, Vida e Cultura da Arquidiocese de Évora’.

A nível académico Francisco José Senra Coelho é doutorado em História pela Universidade Internacional de Phoenix tendo como tema da tese a vida do Arcebispo de Évora, D. Augusto Eduardo Nunes, no contexto da Primeira República em Portugal.

Lecionou a disciplina de História da Igreja no Instituto Superior de Teologia de Évora e é membro da sociedade científica da Universidade Católica Portuguesa e do Conselho Científico do Centro de Estudos de História Religiosa da mesma universidade.

É um profundo conhecedor dos Açores, onde já esteve por diversas vezes, a última das quais no ano passado quando se deslocou a Ponta Delgada para as comemorações dos 50 anos dos Cursos de Cristandade, em São Miguel.

D. Francisco Senra Coelho estará no arquipélago entre quinta feira e segunda feira (7 e 11 de maio), tendo prevista, ainda,  uma deslocação a Santa Maria, a única ilha que não conhece.

No ano passado as Festas do senhor Santo Cristo foram presididas pelo Bispo do Porto D. António Francisco dos Santos.

As Festas do Senhor Santo Cristo remontam a finais do século XVIII e a origem deste culto começa no Convento da Caloura, em Água de Pau, na ilha de São Miguel.

Reza a tradição que foi neste lugar que se erigiu o primeiro Convento de Religiosas nesta Ilha, convento cuja fundação se deveu, principalmente, à piedade das filhas de Jorge da Mota, de Vila Franca do Campo. Uma tradição longínqua que os açorianos acolheram e “vivem intensamente”.

A devoção que Teresa da Anunciada, venerável religiosa do convento de Nossa Senhora da Esperança, tão intensamente sentiu por Cristo, marcou profundamente a alma do povo, de tal modo que o culto ao Senhor, através da procissão com a imagem, se expandiu e fortaleceu ao longo dos séculos.

O núcleo central da festa é o  Domingo (10 de Maio), altura em que sai à rua a procissão solene que dura cerca de quatro horas e percorre as principais ruas da cidade de Ponta Delgada, mas as celebrações duram entre 7 e 14 de maio.

Semanas antes da procissão, o convento da Esperança e o Campo de São Francisco, são preparados e enfeitados festivamente com milhares de lâmpadas multicores, mastros e bandeiras, flores de todas as espécies e cores que conferem ao recinto um deslumbrante ar de festa.

O dia de  Sábado, geralmente começa com o pagamento de promessas logo de manhã, seguido de uma homenagem ao Senhor Santo Cristo. Pela tarde realiza-se a primeira procissão que assinala a entrega da imagem do Senhor Santo Cristo à Irmandade que, até domingo à noite, será a zeladora do Senhor Santo Cristo.

O corpo principal do tesouro do Senhor Santo Cristo dos Milagres é constituído pelas seguintes jóias: o Resplendor, a Coroa, o Relicário, o Cetro e as Cordas. Frutos dos mistérios da Fé, sinais da gratidão dos mortais pelos milagres que os ajudam a caminhar pela vida, o Ex-Libris do Tesouro, o resplendor é a peça mais rica do espólio. Além do valor artístico, esta jóia, que esteve recentemente em exposição no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa,  está carregada de elementos simbólicos ligados à teologia. O primeiro é a da Santíssima Trindade, representada por um triângulo no centro que contém três caracteres com o seguinte significado: “Sou o que Sou” e também “Pai, Filho e Espírito Santo”. Deste triângulo irradiam os resplendores para as extremidades da peça. O segundo elemento é a Redenção de Cristo, representada pelo cordeiro sobre a cruz e pelo livro dos Sete Selos do Apocalipse. Um terceiro é a Eucaristia, simbolizada por uma ave, o pelicano, pelo cálice e pelo cibório. O último elemento simbólico do resplendor é a Paixão de Cristo passando pela coroa representada em pormenor: desde a túnica ao galo da Paixão, passando pela coroa de espinhos integralmente feita de esmeraldas.

Além do Resplendor, também a  coroa é uma peça muito delicada. Em ouro, pesando apenas 800 gramas, possui 1.082 pedras preciosas, todas elas trabalhadas com minúcia, onde os próprios espinhos são pequeníssimas pedras que diminuem de tamanho nas extremidades.

O relicário é, por outro lado, a peça mais enigmática do Tesouro. É a única que está permanentemente colocada no peito da imagem e serve para guardar o Santo Lenho, que se crê ser uma farpa da verdadeira cruz em que Jesus foi crucificado.

O Cetro, a quarta peça do Tesouro, é constituído por 2.000 pérolas que formam uma maçaroca de cana, 993 pedras preciosas ao longo do tronco e um  conjunto de brilhantes com renda de ouro na base, onde está colocada a Cruz de Cristo.

Finalmente, as Cordas, com 5,20 metros de comprimento, constituem a quinta peça do corpo principal do Tesouro. São duas voltas de pérolas e pedras preciosas enroladas em fio de ouro.

As festas duram vários dias. Sucedem-se os serviços religiosos e os concertos.

 

 

 

 

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