900 mulheres caminham em nome da fé entre Ponta Delgada e Calhetas de Rabo de Peixe

14ª Romaria feminina de Santa Clara bate recorde de participações

Umas por fé, outras em busca da reconciliação mas todas unidas em torno de Jesus e da alegria da Sua palavra, 900 mulheres participaram este sábado na 14ª Romaria de Santa Clara, entre Ponta Delgada e as Calhetas de Rabo de Peixe.

Às 5h30 reuniram-se no adro da Igreja de Santa Clara, na ponta noroeste da cidade de Ponta Delgada para uma missa campal seguindo depois a Romaria pelas principais igrejas da cidade, rumo à costa norte, à ouvidoria das Capelas e depois da Ribeira Grande.

“O percurso é longo mas elas estão preparadas, sobretudo espiritualmente” disse ao Sítio Igreja Açores, o assistente desta Romaria que todos os anos junta mais peregrinas, Pe Norberto Brum.

“Somos muitos mas tudo tem corrido bem porque tem havido muita serenidade, muito espírito de oração “ sublinhou o sacerdote lembrando que a liturgia de hoje também apelava à misericórdia e estas “irmãs têm mostrado que a sabem viver com ternura e em são espírito de fraternidade”.

É o maior “rancho” da Quaresma que sai na ilha de São Miguel, mas nem por isso será o menos espiritual.

“Naturalmente que aqui a espiritualidade é diferente da de um rancho de romeiros, mas consegue-se alcançar de outra maneira essa partilha e essa fraternidade”, diz o sacerdote que é também o responsável pela preparação destas mulheres que se realizou ao longo de quatro semanas, na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, a maior da cidade.

“Sempre que entramos numa igreja ou paramos à porta, fazemos uma leitura bíblica, uma meditação e momentos de oração. O silêncio, a tranquilidade mostram que quem está, está mesmo cá”, frisa o Pe Norberto Brum.

Gabriela silva e Liliana Jorge fazem esta caminhada há 12 e 13 anos, respetivamente. Só por doença, admitem faltar. Primeiro vieram pela experiência. Hoje “é uma caminhada de fé, sem dúvida” diz Gabriela Silva.

“Não é fácil levantar às quatro da manhã e andar o dia todo mas a paz que isso me traz vale tudo”, disse ao Sítio Igreja Açores.

“Tenho para mim que há um chamamento para esta romaria e todas as que nos sentimos tocadas por esse chamamento de Jesus vamos chamando as nossas irmãs e depois é isto que se vê”, adianta ainda Liliana Jorge que faz a romaria por “fé e pelo desejo de ter sempre Jesus na sua companhia”.

A orientar o percurso da Romaria estão quatro Romeiros do rancho de Romeiros de Santa Clara, paróquia organizadora. Mas no final “são muitos mais”. O rancho masculino prepara o pequeno almoço.

“Quase que temos uma linha de montagem para o pão, o café, a parte logística. Não é fácil preparar uma refeição, mesmo que ligeira, para 900 pessoas mas com a ajuda dos irmãos é possível” diz Manuel Oliveira, Mestre do Rancho de Santa Clara.

Questionado se na paróquia haveria condições para fazer um rancho feminino que pernoitasse duas ou três vezes fora, aproximando esta romaria feminina das habituais romarias quaresmais de São Miguel, Manuel Oliveira diz “porque não? as manifestações de fé não podem estar restringidas a ninguém, e qualquer cristão tem o direito de se manifestar nem que seja mimetizando o que é tradição”. Mas, “nunca com esta dimensão, isso seria impossível do ponto de vista logístico”.

A Romaria quaresmal de Santa Clara no feminino terminou no Convento das Clarissas, nas Calhetas em Rabo de Peixe.

Na meditação final, novamente no exterior, o Pe Norberto Brum voltou a fazer “uma exaltação da misericórdia, da fé e da necessidade do sentido de pertença à igreja”.

“Somos peregrinos uma vida não é um dia” disse o sacerdote que convocou estas romeiras para “começarem a viver a misericórdia, nos vários ambientes onde estão no dia a dia”.

“A caminhada que começaram hoje é um pulmão para a vida,  mas confiná-la ao percurso seria pouco cristão. Às vezes somos muito religiosos e pouco cristãos; está na altura de sermos cristãos ao jeito de Jesus e isso implica viver a vida na misericórdia”, concluiu o sacerdote.

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