Serviço diocesano da pastoral familiar entrega documento refletindo posições das “bases”, dentro do prazo estabelecido O Diretor do Serviço Diocesano de Apoio à Pastoral familiar e Laicado acaba de enviar ao Bispo de Angra o documento que sintetiza a posição das “bases” da diocese sobre as questões elencadas no documento preparatório da Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a família que se realiza em outubro, em Roma.
O documento com 35 páginas é uma síntese das respostas dadas pelos serviços da pastoral territorial, movimentos ligados à família e Seminário Episcopal de Angra.
“Tivemos em conta o que veio das bases, respeitando aquele que é o sentimento generalizado da Igreja nos Açores”, disse ao Sítio Igreja Açores o responsável diocesano pela pastoral familiar Cónego José Medeiros Constância.
O documento preparatório para assembleia de bispos que se realiza neste ano de 2015 apresenta 46 perguntas sobre os mais variados temas, entre os quais a pastoral sacramental em relação aos divorciados “que precisa de um novo aprofundamento”, assinala o texto, ou o acolhimento dos homossexuais, para além das propostas sobre o “Evangelho da Família”.
“Tenho a ideia, depois deste trabalho, ainda mais fundamentada, de que nos Açores estamos muito ao lado do Papa Francisco naquelas que têm sido as posições públicas sobre estes assuntos da família nos dias de hoje e queremos dar passos diferentes, nomeadamente no sentido de fazermos uma pastoral familiar a partir das famílias”, disse ainda o sacerdote.
“A nossa diocese, num contexto nacional, tem uma consciência de que é preciso mudar algumas coisas dentro da pastoral familiar, que é precisa uma mudança de rumo em muitos aspetos e que é essencial mexer, por exemplo na Humanae Vitae”, salienta o Cònego José Medeiros Constância.
“Vamos ficar à espera do que vem de Roma; estas são as nossas achegas e esperamos que haja uma mudança senão ficaremos dececionados”, conclui o responsável diocesano.
O documento do Serviço Diocesano da pastoral familiar está agora nas mãos de D. António de Sousa Braga que irá analisar e enviar, posteriormente, para a Conferência Episcopal Portuguesa, que depois remeterá um documento único com a posição nacional, refletindo o contributo de cada uma das dioceses, para Roma.
O documento que serve de base de trabalho preparatório para o Sínodo pede sugestões sobre vários temas , do diagnóstico à ação pastoral efetiva, mas as atenções estão naturalmente centradas nas questões mais fraturantes como os recasados ou a procriação.
Entre elas, procura-se saber a opinião das dioceses sobre como “precaver formas de impedimentos indevidos ou desnecessários”, no caso destas pessoas, que estão atualmente afastadas do acesso à Comunhão.
“Como tornar mais acessíveis e ágeis, de preferência gratuitos, os procedimentos para o reconhecimento dos casos de nulidade?”, é outra das perguntas.
Os ‘lineamenta’ apelam, ainda, a um compromisso mais efetivo na “transmissão da vida” e para enfrentar o “desafio da quebra da natalidade”.
“Como é que a Igreja combate a chaga do aborto, promovendo uma cultura eficaz da vida?”, questiona-se.
As perguntas abordam, também, as questões ligadas às uniões de facto e casamentos civis, alertando também para a “difusão do relativismo cultural na sociedade” que leva à “rejeição, por parte de muitos, do modelo de família formado pelo homem e a mulher unidos no vínculo matrimonial e aberto à procriação”.
“Como ajudar quem vive em uniões a decidir-se pelo matrimónio?”, pergunta Neste sentido, pedem-se “respostas fiéis e corajosas” para um novo anúncio do “Evangelho da Família”, também junto das “situações extremas”.
O anúncio da mensagem cristã sobre a família implica ainda a luta por “condições para que cada família seja como Deus quer e venha a ser socialmente reconhecida na sua dignidade e missão”.
A este respeito, há um apelo à “denúncia franca dos processos culturais, económicos e políticos que minam a realidade familiar”.
Os ‘lineamenta’ recordam um dos temas mais debatidos na assembleia extraordinária de outubro, a preparação para o matrimónio e o acompanhamento dos casais nos primeiros anos de vida a dois, questionando sobre os “percursos” e propostas de formação que existem.
O documento diocesano deverá ser enviado para Lisboa até meados do mês de março.