Iniciativa da Cáritas da ilha Terceira já garantiu 5 novos postos de trabalho e duas iniciativas de auto emprego
O projecto Terra Nostra-Capacitação com Raízes, promovido pela Cáritas da Ilha Terceira, arrancou no passado dia 20 de janeiro com o segundo curso de formação na área da agricultura biológica.
O projeto premiado em 2014 como umas das quatro melhores práticas de responsabilidade social a nível nacional, no âmbito do prémio em responsabilidade social Maria José Nogueira Pinto, entre setenta e duas apresentadas a concurso, conta com o apoio da Fundação EDP e é desenvolvido em parceria com a Cooperativa Bioazórica e a Ordem Franciscana , e tem o apoio de empresas locais.
No essencial, a filosofia subjacente a este tipo de intervenção social pressupõe o desenvolvimento de atividades próximas das origens destes jovens – “quase todos eles têm familiares que trabalhavam a terra e por isso têm algum gosto”- e capacitá-los de conhecimentos que possam ser uma porta para a sua empregabilidade.
Atualmente o projeto dá formação a 13 jovens, desenvolvida numa dupla componente teórico-prática numa área inovadora.
“Este projecto surgiu numa fase em que percebemos que muitos jovens, depois de completarem a sua formação nas unidades de formação da Cáritas, não estavam a conseguir arranjar emprego”, diz Francisco Simões, responsável por este e outros projetos de intervenção social da Cáritas da Terceira.
“Sabendo que havia a necessidade de mão de obra na área da agricultura, com necessidades especificas, fizemos uma candidatura à Fundação EDP para apoio financeiro e estabelecemos protocolos para recuperar terrenos que estavam desaproveitados”, esclarece o dirigente.
Destinado a jovens entre os 18 e os 26 anos, este “é um caminho para resolver alguns problemas de empregabilidade dos nossos formandos”, diz ainda o dirigente lembrando que a “empregabilidade é um factor decisivo neste projeto”.
Do primeiro grupo de 14 formandos 5 estão empregados, um prosseguiu estudos e dois outros têm projetos próprios de auto emprego, estabelecendo-se como pequenos produtores.
“Tudo o que produzimos nestas hortas , trabalhadas pelos nossos formandos sob a orientação dos formadores, é vendido e essa verba ajuda a sustentar também o projecto”, reconhece Francisco Simões que não esconde o interesse em alargar a área de produção seja em variedade de hortofrutícolas seja em extensão produzida.
Seguindo este espírito, a Cáritas da ilha Terceira tem entre mãos um outro projeto “ a aguardar aprovação”, pelas entidades competentes, também na área do sector primário que visa a transformação dos produtos.
“Entendemos que as possibilidades de empregabilidade passam pelos sectores primário e secundário e, portanto, além da agricultura estamos a pensar na costura, na transformação alimentar, como áreas que poderão ser nichos de formação ou de auto emprego” adianta ainda Francisco Simões.
Para a responsável da Cáritas da ilha Terceira e também da Cáritas Diocesana, Anabela Borba, “este é um pequeno caminho no âmbito da igualdade de oportunidades para todos, mas é só um; naturalmente que haverá outros, embora estreitos porque nesta área da intervenção social os caminhos são cada vez mais estreitos”.
Segundo Anabela Borba, a própria Cáritas sabe “por experiência própria” que “não são possíveis respostas em massa, mas sim em pequenos grupos pois o mercado trabalhado não tem capacidade para encontrar respostas que deem solução a este problema do desemprego”.
De resto, a situação “tem-se avolumado nos últimos tempos” e é cada vez mais de “difícil resolução”.
“Os problemas são mais pesados porque não se trata só de jovens como estes que atendemos mas de famílias” diz a dirigente da Cáritas sublinhando o facto de a “população estar muito cansada de dar” e, por outro lado, quem precisa “não consegue sair do sistema e por isso precisa de assistência prolongada”.
“Apesar das tentativas do governo para minimizar, a situação é muito complexa”, conclui Anabela Borba.
Além deste projeto destinado a jovens mais velhos e da unidade de apoio social, a Cáritas da ilha Terceira possui um Centro de Desenvolvimento e Inclusão Juvenil, que dá apoio a cerca de 300 jovens só no concelho de Angra do Heroísmo.