Cabido da Sé retoma funções 15 anos depois
Um dos campos “privilegiados” de aconselhamento e apoio à ação episcopal é o “cuidado” dos membros do presbitério, nomeadamente “os doentes e os idosos”, disse esta quarta feira o Bispo de Angra durante a homília da celebração eucarística que assinalou a memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, que teve lugar na Sé de Angra.
Em dia mundial do doente, em que o Cabido da Sé é restabelecido com a tomada de posse de12 novos cónegos capitulares, 15 anos depois, D. António de Sousa Braga pediu “oração e atenção aos doentes e aos idosos”, nos quais se incluiu de uma forma emocionada.
“Estou a aproximar-me rapidamente dos 75 anos de idade e a minha saúde não está famosa. Daqui a dias, terei de ir para Lisboa, para exames clínicos e talvez para ser operado. Há-de ser o que Deus quiser. Seja feita a Sua vontade!”, disse o prelado diocesano.
“Irmãs e Irmãos, rezemos uns pelos outros, rezemos pelos nossos sacerdotes e hoje, particularmente, por aqueles, que vão tomar posse do ofício de Cónegos, constituindo o Cabido da Sé Catedral, como organismo de especial aconselhamento e apoio à ação do Governo pastoral do Bispo”, disse ainda o Bispo de Angra, lembrando que em todas as horas é necessária “a sabedoria do coração” para “vivermos concretamente uma atitude respeitosa e compassiva para com os outros, começando pelos que sofrem, nomeadamente com os achaques da idade ou da doença”.
Uma sabedoria que se traduz em “ser solidário com o irmão, sem o julgar; em “sair de si para ir ao encontro do irmão”; em “estar com o irmão” e em “servi-lo”, disse o Bispo de Angra.
Depois deixou uma palavra aos cónegos que hoje tomarão posse do ofício da parte da tarde, agradecendo a “disponibilidade em servir” a diocese, ”que merece a entrega total e incondicional da nossa vida”.
Após a Eucaristia, o Cabido teve a sua primeira reunião formal com o prelado diocesano a presidir, na nova sala capitular da Sé.
A reunião serviu para eleger o Dião, que preside às reuniões do Cabido- Cónego Ângelo Valadão; o Arcediago, cónego João Maria Mendes; o Chantre, cónego Ricardo Henriques; o tesoureiro, cónego Manuel Carlos e o Cónego Magistral, cónego Hélder Fonseca Mendes. Foi, ainda, escolhido o representante do Cabido no Conselho Presbiteral, cónego João Maria Brum e nomeados os dois Cónegos Penitenciários, um para a Terceira, cónego Gregório Rocha e outro para São Miguel, cónego António da Luz(jubilado), ambos monsenhores. Estes dois cónegos foram nomeados por escolha direta de D. António de Sousa Braga que delega neles competências reservadas ao prelado, para casos de absolvição.
Esta tarde, o novo Cabido irá visitar os cónegos jubilados doentes que estão internados na Casa de Saúde de São Rafael e ao fim da tarde, será rezada uma oração de vésperas, seguida da tomada de posse dos cónegos capitulares.
Recorde-se que a última reunião do Cabido da Sé ocorreu em 2000. No novo estatuto, aprovado em outubro do ano passado, o Cabido , que até agora tinha apenas a função litúrgica, retoma a função do Conselho de Ordens e Ministérios. Será, também, um órgão de consulta do prelado diocesano em todas as matérias que este entender auscultar os seus membros, mantendo-se, no entanto em funções o Colégio de Consultores. Mas, refira-se o cabido Catedralício, ao contrário do Colégio de Consultores, não será um órgão de consulta obrigatória.
No decreto Episcopal, que retoma o Cabido Catedralicio, publicado em outubro de 2014, D. António de Sousa Braga justifica-o com uma “necessidade de o adaptar às circunstâncias atuais”, julgando “conveniente restabelecer um número razoável de membros do Cabido” atribuindo-lhes “as funções litúrgicas e demais competências previstas no direito canónico”. O novo estatuto abre ainda a possibilidade de serem nomeados conegos capitulares sacerdotes não residentes na ilha Terceira e, neste caso, foram nomeados dois cónegos de São Miguel, João Maria Brum e José de Medeiros Constância. O Estatuto prevê, ainda, a possibilidade de serem nomeados cónegos honorários em número idêntico aos do capítulo.
O novo estatuto vigorará “por um período experimental de 2 anos”, até dia 31 de dezembro de 2016.
A Diocese de Angra tinha atualmente 13 cónegos, 11 dos quais jubilados e um que abandonou o sacerdócio. Cinco foram nomeados por D. Manuel Afonso Carvalho- os padres Francisco Caetano Tomás (Angra) , Artur Pacheco Custódio (Ribeira Grande), Gil Vicente Mendonça (Angra), José Lima do Amaral Mendonça, recentemente falecido e o Padre José Garcia, falecido em Ponta Delgada; os restantes por D. Aurélio Granada Escudeiro- os padres António da Luz Silva (Capelas) , Augusto Manuel Arruda Cabral (Ponta Delgada), José Gonçalves Gomes (Angra), Jorge Reis (Angra), Gregório Joaquim Couto Rocha (Angra), Laudalino da Câmara Moniz de Sá e José António Piques Garcia, ambos falecidos.