Seminário de Angra luta pelo grau de licenciatura em Teologia

No ano em que terminam as comemorações do 150º aniversário, um dos grandes desafios passa por ter o reconhecimento formal do grau de licenciatura para quem faz o sexénio.

O reitor e o corpo docente do Seminário Episcopal de Angra estão a desenvolver todos os esforços para que o plano de estudos da instituição seja reconhecido com o grau de licenciatura e o seminário como uma faculdade de teologia afiliada, garantiu ao Portal da Diocese o reitor, Pe. Hélder Alexandre.

“O Seminário é uma escola superior de formação e pretendemos obter o reconhecimento curricular enquanto faculdade de teologia afiliada” disse o responsável pelo Seminário em entrevista ao Portal da Diocese (ver entrevista Padre Hélder Alexandre em www.diocesedeangra.pt).

Aliás, o Seminário “é mais que uma Universidade, porque a dimensão intelectual é apenas uma das quatro dimensões básicas da formação, que inclui também as dimensões humana,  espiritual e  pastoral. O Seminário tenta realmente ser o mais completo possível, enquanto escola”, conclui o reitor do Seminário.

“Não se trata de uma obsessão para obter reconhecimento social”, acrescenta o Pe Júlio Rocha, um dos docentes do Seminário, nem sequer de descurar o que “é essencial” que é “preservar o sentido pastoral na formação dos alunos”.

A ideia é que cumprindo o plano curricular, os alunos fiquem com um grau académico que lhes permita, por exemplo entre outras coisas lecionar nas escolas de ensino regular, sem terem de ir para fora da região para obter a licenciatura. O mesmo se passa com aqueles que pretendam completar a sua formação em Roma e que, assim, “ficariam dispensados de uma série de formalidades”.

Há mesmo pessoas, casadas ou que não têm o sacerdócio como objetivo de vida, que estariam disponíveis para frequentar este plano de estudos “apenas para aprofundarem a fé através do estudo da Teologia e neste momento não o podem fazer”, conclui Júlio Rocha em declarações ao Portal da Diocese.

De resto, importa lembrar que o seminário foi, durante muitos anos, a única escola de “ensino superior” na região, formando diversas gerações de Bispos (7 no total) e a esmagadora maioria dos sacerdotes que têm estado ao serviço dos açorianos. Além disso, foi uma escola de formação de centenas de vultos da cultura, das letras e da ciência nos Açores.

À sombra do seminário nasceram o Instituto Açoriano de Cultura e as Semanas de Estudo, iniciadas em 1961, que proporcionaram um dos debates mais revolucionários e empreendedores do ponto de vista sócio-político do arquipélago, sempre numa perspetiva humanista católica.

Foram estas semanas de estudo e a “espiritualidade que se ia difundindo e aprofundando nas pequenas elites que fez reacender o espírito cívico, de pendor social” e, simultaneamente a ideia de unidade açoriana que permitiria uma viragem política depois do 25 de Abril de 74, como reconhece Álvaro Monjardino, na comunicação que fez ao Instituto de História da Ilha Terceira a propósito da influência do Seminário na vida do arquipélago nas décadas de 50 e 60.

Na linha da encíclica de Paulo VI Populorum Progressio que, no essencial, afirmava que era no progresso que se garantia a paz, muitos dos docentes do Seminário Episcopal de Angra deram um contributo decisivo para a renovação espiritual e social destas ilhas.

O Seminário encerra no próximo domingo, as comemorações do seu 150 º aniversário, com uma celebração eucarística na Sé de Angra, presidida pelo Bispo, D. António de Sousa Braga.

Durante o último ano, o Seminário lançou um selo evocativo da data, em parceria com os Correios de Portugal, realizou conferências, exposições e eventos variados, “sempre numa lógica de abertura à comunidade”.

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