Diocese de Angra consternada com a morte do papa Francisco

Sacerdotes e leigos destacam legado do pontificado

O Serviço Diocesano da Pastoral Social, no dia da morte do Papa Francisco, recorda a sua mensagem de inclusão de “Todos, Todos, Todos”, o seu empenho pela integração dos migrantes e dos que vivem nas margens e periferias da sociedade; a sua luta contra o clericalismo; o seu empenho na prática constante da sinodalidade na Igreja; o caminhar juntos na missão de evangelização do Mundo e a celebração do Jubileu da “Esperança” que está a decorrer, destaca uma nota enviada ao Sítio Igreja Açores.

Para este Serviço Diocesano, que recorda as palavras do Papa na Visa Sacra do Coliseu na passada sexta feira Santa- “Construímos um mundo que funciona assim: um mundo de cálculos e algoritmos, de lógicas frias e interesses implacáveis. A lei da vossa casa, Senhor, a economia divina é outra coisa(…)A economia de Deus não mata, nem descarta, nem esmaga. É humilde, fiel à terra. O caminho de Deus propõe a via das bem-aventuranças. Não destrói, mas cultiva, repara, guarda”- é preciso seguir o seu exemplo.

“É preocupação deste Serviço Diocesano, seguindo o Apelo do Bispo D. Armando, fazer com que todas as paróquias açorianas respondam, sem demora, de preferência de forma organizada e em ligação com outras entidades locais, às dificuldades crescentes por que passam homens e mulheres – crianças, jovens, adultos e idosos – em situações de carência habitacional, de sem-abrigo, de insuficiência alimentar, de cuidados de saúde, de disfunção familiar, de solidão, de falta de respostas laborais e profissionais”, pode ler-se no comunicado.

“É esta a mensagem que devemos reter do pontificado de Francisco”, conclui.

O Vigário Episcopal para o Clero, padre José Júlio Rocha, diz que a  voz do Papa se calou mas o seu legado não pode ser ignorado.

“A Igreja hoje está diferente do que era há 12 anos” e destaca a profunda ligação deste Papa ao Concílio Vaticano II e á ideia de uma `Igreja Samaritana” em saída, que caminha com uma atenção especial às periferias sem deixar de se interrogar.

Para Monsenhor José Constância, diretor do Instituto Católico de Cultura e um dos decanos do Conselho Presbiteral,  o “legado é imenso” mas destaca sobretudo o “regresso à prática concreta do Evangelho” naquela que é a dimensão  social da fé.

Já o padre Norberto Brum,  que foi o responsável pela participação açoriana na Jornada Mundial da Juventude, destaca a “simplicidade, proximidade e compaixão”, marcas de um papa e de todo um pontificado, afirma.

Tomaz Dentinho, prefere falar não do que ficou mas do que representa este legado no contexto da Igreja: Uma Igreja Santa, que não enjeita a denuncia de problemas como foram os abusos de menores, mas também uma Igreja preocupada com o mundo, que não enjeita esforços para  dialogar, se interrogar e transformar.

O Padre Jacob Vasconcelos, diretor do Serviço Diocesano de Coordenação Pastoral, sublinha o regresso do papa Francisco ao Evangelho, como base do seu ministério e salienta a convocação do Jubileu da Misericórdia como um dos destaques do seu pontificado.

O padre Duarte Melo, atual diretor do Serviço Diocesano da Pastoral da Mobilidade Humana, afirma que o papa Francisco é “um profeta do nosso tempo” e o seu legado deixa “o perfume da bondade e da compaixão ” pela sua atenção aos mais pobres, ao jeito do bom samaritano.

Piedade Lalanda, ex diretora do serviço Diocesano da Pastoral Social e membro do Secretariado Permanente do Conselho Pastoral Diocesano sublinha a dimensão social deste pontificado que abriu a Igreja a todos.

O Sítio Igreja Açores irá acompanhar as reações diocesanas à morte do papa Francisco.

Para já os olhos estão postos no Vaticano e amanhã terá lugar a primeira reunião de todos os cardeais residentes em Roma e que ocupam lugares no governo da santa Sé.

A Câmara Apostólica, organismo da Santa Sé que remonta pelo menos ao século XI, passou a ser o centro do governo da Igreja Católica após o final de pontificado de Francisco, falecido hoje aos 88 anos de idade.

A instituição é liderada pelo cardeal camerlengo, o irlando-americano D. Kevin Farrell, de 77 anos, que tem funções de presidência durante a sede vacante, período entre a morte/renúncia de um Papa e a eleição do seu sucessor.

Compete ao camerlengo “cuidar e administrar os bens e os direitos temporais da Santa Sé, com o auxílio dos três cardeais assistentes, precedido – uma vez para as questões menos importantes, e todas as vezes para as mais graves – do voto do colégio dos cardeais”.

Esta comissão tem de providenciar ao “conveniente alojamento” dos cardeais eleitores na ‘Casa Santa Marta’ (os quartos são atribuídos por sorteio), situada no Vaticano, à preparação da Capela Sistina, onde decorre a eleição, e à seleção de “dois eclesiásticos de íntegra doutrina, sabedoria e autoridade moral” para a apresentação de “meditações sobre os problemas da Igreja”.

Aos mesmos responsáveis compete estabelecer o “dia e hora para o início das operações de voto”.

Bento XVI abriu, em fevereiro de 2013, a possibilidade de os cardeais anteciparem o início do Conclave.

“Deixo ao Colégio dos cardeais a faculdade de antecipar o início do Conclave se constar a presença de todos os cardeais eleitores, bem como a faculdade de prolongar, se houver motivos graves, o início da eleição por mais alguns dias”, escreveu.

D. Kevin Joseph Farrell, prefeito do Dicastério para os Leigos, Família e Vida, nasceu em 2 de setembro de 1947 em Dublin, na Irlanda; entrou na Congregação dos Legionários de Cristo em 1966 e foi ordenado sacerdote em 24 de dezembro de 1978.

De acordo com a Constituição ‘Universi Dominici Gregis’ (João Paulo II, 22 de fevereiro de 1996), cabe-lhe colocar o selo no escritório e no quarto do Papa, dispondo que o pessoal que normalmente reside no apartamento privado.

Desde o momento em que for disposto o início das operações da eleição até ao anúncio público da eleição, a Capela Sistina e os lugares destinados às celebrações litúrgicas, deverão), ser fechados às pessoas não autorizadas, sob a autoridade do cardeal camerlengo e com a colaboração externa do vice-camerlengo (D. Ilson de Jesus Montanari) e do substituto da Secretaria de Estado do Vaticano (D. Edgar Peña Parra).

A constituição apostólica sobre a reforma da Cúria Romana, que o Papa publicou em 2022, precisa que o “camerlengo da Santa Igreja Romana desempenha as funções que lhe são atribuídas pela lei especial relativa à Sé Apostólica vacante e à eleição do romano pontífice”.

“A missão de cuidar e administrar os bens e os direitos temporais da Sé Apostólica, durante o tempo em que esta permanece vacante, é confiada ao cardeal camerlengo da Santa Igreja Romana”, acrescentava Francisco.

Cargo de nomeação pontifícia, o camerlengo é ajudado, “sob a sua autoridade e responsabilidade, por três cardeais assistentes”, um dos quais é o coordenador do Conselho para a Economia da Santa Sé – o cardeal alemão D. Reinhard Marx.

No período da Sé vacante, é “direito e dever” do camerlengo “solicitar a todas as Administrações dependentes da Santa Sé os relatórios sobre o próprio estado patrimonial e económico, bem como as informações sobre os assuntos extraordinários que estejam em curso”.

Pode ainda requerer ao Conselho para a Economia o orçamento e os balanços consolidados pela Santa Sé no ano anterior, bem como o orçamento para o ano seguinte, e pedir qualquer informação sobre a situação económica da Santa Sé.

O Papa Francisco determinou que, na sede vacante, “todos os chefes das instituições curiais e os membros cessam o cargo”.

“Excetuam-se o penitenciário-mor, que continua a encarregar-se dos assuntos ordinários da sua competência, propondo ao Colégio dos Cardeais aqueles que deveriam ser levados ao conhecimento do romano pontífice, e o esmoler de sua santidade, que continua no exercício das obras de caridade, segundo os mesmos critérios usados durante o pontificado”, refere a ‘Prædicate Evangelium’.

Sede Vacante

A Sé Apostólica torna-se vacante com a morte do Papa e deixa de o ser com a eleição de um novo pontífice.

Para além do Colégio Cardinalício, este tempo tem como figuras de destaque o referido cardeal camerlengo, D. Kevin Joseph Farrel; o cardeal decano, D. Giovanni Battista Re; o secretário do colégio cardinalício, D. Ilson de Jesus Montanari, arcebispo brasileiro; e o mestre das celebrações litúrgicas pontifícias, D. Diego Ravelli.

Este período conta com encontros de cardeais, as chamadas “congregações” e, para os eleitores (cardeais com menos de 80 anos de idade), o conclave, para a escolha do Papa.

As congregações gerais, no Palácio Apostólico do Vaticano, são presididas pelo decano do Colégio Cardinalício ou, na sua ausência, pelo vice-decano (D. Leonardo Sandri).

As funções destas pessoas são reguladas pelas normas deixadas por Bento XVI e, em particular, por São João Paulo II.

(Notícia atualizada às 16h30)

 

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