“Sejamos lavadores de pés todos os dias e olhemos para o mundo com os olhos e o coração de Jesus”- Bispo de Angra

Cerca de quatro dezenas de sacerdotes, maioritariamente de São Miguel renovaram esta manhã as suas promessas sacerdotais, numa antecipação da Missa Crismal que terá lugar esta terça-feira na Catedral

Foto: Igreja Açores/CR

O bispo de Angra desafiou os sacerdotes que esta manhã renovaram as suas promessas sacerdotais, numa antecipação da Missa Crismal, na igreja Matriz de São Sebastião, em Ponta Delgada, a terem um “olhar limpo de esperança, de olhos postos em Jesus”, aceitando e vivendo o seu sacerdócio em todas as dimensões, mesmo nos momentos mais difíceis e de maior fragilidade.

“Há esperança em tudo o que é o nosso ministério se deixarmos atuar Jesus em nós”, disse D. Armando Esteves Domingues aos cerca de 40 padres, que hoje renovaram a promessa feita no dia da sua ordenação presbiteral.

“Os nossos gestos ao longo do caminho, como os de Jesus, são importantes e dizem quem somos” afirmou D. Armando Esteves Domingues na homilia que proferiu, “especialmente dedicada aos padres” como ressalvou logo no inicio das sua alocução.

A  eucaristia que hoje foi celebrada em Ponta Delgada, e especialmente dirigida ao clero de São Miguel, é uma antecipação da Missa Crismal que tem lugar esta Terça-feira Santa na Catedral, também ela antecipada para que os sacerdotes possam regressar às suas comunidades a tempo do Tríduo Pascal, que começa na Quinta-feira Santa.

Nesta missa,  o Bispo concelebra com os seus presbíteros, os sacerdotes renovam as promessas feitas no dia da sua ordenação e a Igreja redescobre a sua vocação sacerdotal e, por isso, é  uma das principais manifestações do sacerdócio ministerial do Bispo e um sinal da estreita união dos sacerdotes com ele e entre si.

“Fomos ungidos em primeiro lugar para sermos evangelizadores, anunciadores da Esperança que é Cristo” disse, insistindo várias vezes, no convite ao aprofundamento da intimidade e da proximidade com Jesus.

“Somos homens necessitados deste olhar de Jesus, que vê as nossas lágrimas de arrependimento, que sabe tudo de nós, mas aponta sempre caminhos novos”, tal como “às multidões de pobres, de cativos, de cegos e oprimidos”, disse.

“Somos isto” enfatizou numa homilia onde citou o cantor e compositor Pedro Abrunhosa, Nouwen, um conceituado mestre de espiritualidade do século XX e o papa Francisco, na sua recente autobiografia “Esperança”.

“Todos os que buscam a Deus, precisam da proximidade do seu coração(…) de uma palavra nova, palavra que traga esperança porque vem de alguém ungido”, afirmou ainda o prelado reforçando o apelo ao diálogo e à aceitação da diferença.

“Ninguém de nós é como o outro” disse.

“Quando preparamos ou administramos qualquer sacramento há uma porta de eternidade que abrimos; quando celebramos a Eucaristia há muitos olhos que se abrem ao Mistério de Deus; quando distribuímos a Palavra e o Corpo de Cristo há muitos coxos que recobram forças e presos que se libertam” salientou ainda D. Armando Esteves Domingues.

“Quantas vezes nos sentimos partidos: há desilusões, desânimos, medos, frustrações”, mas “também Pedro esperava um Messias político e poderoso, forte e decidido, e perante o escândalo de um Jesus fraco, preso sem resistência” perdeu a esperança dizendo “não o conheço”.

 

A homilia terminou com um agracedimento.

“Obrigado, queridos sacerdotes, obrigado pelos vossos corações abertos e dóceis; obrigado pelos vossos trabalhos e obrigado pelas vossas lágrimas; obrigado porque levais a maravilha da misericórdia. Perdoai sempre, sede sempre misericordiosos uns para com os outros e para com todos. Levai esta misericórdia, levai Deus aos irmãos e irmãs do nosso tempo”.

Já no final da celebração, o bispo de Angra pediu aos presbíteros prontidão para serem “lavadores de pés dos irmãos”.

“Sejamos lavadores de pés todos os dias e olhemos para o mundo com os olhos e o coração de Jesus”, frisou.

 

Scroll to Top