Visita decorre entre 16 e 23 de março e percorrerá todas as dimensões cívica, social, cultural e religiosa da ilha

O bispo de Angra inicia no próximo domingo a visita pastoral à ilha de Santa Maria, a primeira a ser visitada no arquipélago por Diogo Silves, e que teve nos últimos anos como principal motor da sua atividade o aeroporto e mais recentemente o Centro de Controlo Aéreo do Atlântico.
“A fisionomia e a realidade religiosa e social da ilha é muito diferente da que era há alguns anos atrás” e o facto de “ter uma população em mobilidade”, que reside três ou quatro anos, o tempo de uma comissão de serviço e depois sai, “dificulta muitas vezes a assunção de um compromisso mais duradouro com as atividades da igreja mas também de muitas outras associações” refere ao sítio Igreja Açores o ouvidor, padre Carlos Espírito Santo um dos dois sacerdotes que servem a ilha.
“A realidade sacerdotal não é nova e a população convive bem com isto já há 12 anos” refere ainda sublinhando que dado o quadro da ilha “dois sacerdotes chegam” para assegurar o serviço nas cinco paróquias tantas quantas o número de freguesias que a ilha, de concelho único- Vila do Porto- tem.
“O nosso trabalho pastoral é sempre conjunto e embora ao fim de semana as missas sejam rotativas nos grandes momentos estamos sempre os dois”, refere o sacerdote que chegou à ilha depois de ter estado na Graciosa.
“Desejamos que esta visita seja um momento de encontro com o povo de Santa Maria e que este povo se sinta parte da diocese” refere ainda o padre Carlos Espírito Santo destacando que, por vezes, nestas ilhas ditas mais periféricas pode haver um pouco a ideia de que a realidade local é uma e a diocesana é outra, havendo até alguma distância. Por isso, refere, “Eu tenho esperança que ajude a fortalecer a importância da entrega e do compromisso das comunidades. Há pessoas que estão em várias frentes, são muito solícitas mas temos de ter mais gente envolvida e esta visita pode ser o despertar para isso”.
Em ordem a este maior envolvimento já houve, de resto, uma formação prévia junto dos vários agentes de pastoral, nomeadamente comissões fabriqueiras, de forma a alertar para uma sinodalidade vivida de forma concreta nos órgãos onde é possível a corresponsabilidade entre sacerdotes e leigos, promovendo a comunhão eclesial. No passado dia 6 de março, a ecónoma diocesana orientou uma formação sobre os Conselhos de Assuntos Económicos e o padre António Santos outra sobre a dinâmica de Conselhos Pastorais paroquiais ou de ouvidoria.
As cinco paróquias têm comissões fabriqueiras e a ideia não é que nenhuma perca a sua própria identidade mas o que se deseja é o trabalho conjunto e, sobretudo, um maior empenho dos leigos na coordenação da vida pastoral, num trabalho conjunto com os sacerdotes.
“Os desafios fazem-nos crescer” refere, por seu lado, o padre Carlos Espírito Santo que reconhece nos Escuteiros- a ilha tem dois agrupamentos: um no aeroporto e outro em Santa Bárbara- , nas instituições sociais, nos grupos e movimentos “um apoio enorme”, destacando o papel da Pastoral Profética que “se tem reorganizado” e que embora “se afigure difícil a implementação do novo itinerário catequético”, a equipa de catequistas” tem feito um grande esforço para levar a catequese por diante.
A visita de D. Armando Esteves Domingues a Santa Maria começa no domingo com um encontro com os jovens que durante a visita vão celebrar o Sacramento do Crisma e que estão reunidos em retiro durante o fim-de-samana. Depois deste encontro reunir-se-á com o Conselho Pastoral da ilha onde cada representante de serviço, movimento e paróquia apresentará a realidade concreta da sua área de intervenção.
Durante a semana em que estará em Santa Maria, o prelado vai encontrar-se com autarcas, idosos, instituições particulares de solidariedade social, escuteiros, romeiros, o centro de controlo áereo do Atlântico, o aeroporto, passando também pela escola e pelas diferentes comunidades paroquiais. Além da visita à Santa Casa da Misericórdia e ao lar de Santa Maria Madalena, os doentes estão entre aqueles que o bispo de Angra procurará visitar quase diariamente durante a visita ás diferentes comunidades paroquiais. A visita terminará como começa com a reunião do Conselho Pastoral, onde no final se espera a aprovação de um compromisso dos marienses sobre os desafios que a Igreja deve promover para ser parte relevante na construção da sociedade mariense.
A ilha tem cerca de 5400 habitantes que se concentram maioritariamente em Vila do Povo- mais de metade- e com um povoamento muito disperso, que concentra pequenas comunidades nas sedes de freguesia de São pedro, Almagreira, Santo Espírito e Santa Bárbara.