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O Papa reflete sobre a morte e a ressurreição, na sua mensagem para a Quaresma, divulgada hoje pelo Vaticano, convidando os católicos a uma atitude de esperança e à “confiança em Deus e na sua grande promessa, a vida eterna”.
“Jesus, nosso amor e nossa esperança, ressuscitou e, vivo, reina glorioso. A morte foi transformada em vitória e aqui reside a fé e a grande esperança dos cristãos: na ressurreição de Cristo”, escreve Francisco, que se encontra internado desde 14 de fevereiro no Hospital Gemelli.
A Mensagem para a Quaresma de 2025, ano de Jubileu, tem como tema ‘Caminhemos juntos na esperança’.
“Façamos este caminho juntos na esperança de uma promessa. Que a esperança que não engana, mensagem central do Jubileu, seja para nós o horizonte do caminho quaresmal rumo à vitória pascal”, apela o Papa.
A mensagem cita a encíclica de Bento XVI sobre a esperança, ‘Spe salvi’, sublinhando a centralidade da fé na ressurreição.
“Jesus Cristo, morto e ressuscitado, é o centro da nossa fé e a garantia da nossa esperança na grande promessa do Pai, já realizada nele, seu Filho amado: a vida eterna”, indica Francisco.
O texto sublinha a necessidade de transformar a esperança em gestos concretos, na vida dos cristãos.
“Estou convencido de que Deus me perdoa os pecados? Ou comporto-me como se me pudesse salvar sozinho? Aspiro à salvação e peço a ajuda de Deus para a receber?”, questiona.
“Vivo concretamente a esperança que me ajuda a ler os acontecimentos da história e me impele a um compromisso com a justiça, a fraternidade, o cuidado da casa comum, garantindo que ninguém seja deixado para trás?”
Por outro lado, o Papa pede uma “atitude acolhedora” na Igreja, evocando os migrantes que procuram uma nova vida, longe da pobreza e da guerra.
“Não podemos recordar o êxodo bíblico sem pensar em tantos irmãos e irmãs que, hoje, fogem de situações de miséria e violência e vão à procura de uma vida melhor para si e para os seus entes queridos”, escreve Francisco.
A Mensagem para a Quaresma de 2025, ano de Jubileu, tem como tema ‘Caminhemos juntos na esperança’.
“Seria um bom exercício quaresmal confrontar-nos com a realidade concreta de algum migrante ou peregrino e deixar que ela nos interpele, a fim de descobrir o que Deus pede de nós para sermos melhores viajantes rumo à casa do Pai”, recomenda o Papa.
O texto recorda o lema do Jubileu – ‘Peregrinos de Esperança’ –, considerando que o mesmo “traz à mente a longa travessia do povo de Israel em direção à Terra Prometida, narrada no livro do Êxodo”, o segundo da Bíblia.
“Aqui, surge um primeiro apelo à conversão, porque todos nós somos peregrinos na vida, mas cada um pode perguntar-se: como me deixo interpelar por esta condição? Estou realmente a caminho ou estou paralisado, estático, com medo e sem esperança, acomodado na minha zona de conforto? Busco caminhos de libertação das situações de pecado e falta de dignidade?”.
A segunda parte da mensagem é dedicada à Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, que mobilizou milhões de católicos entre 2021 e 2024, contando com duas sessões no Vaticano.
“Caminhar juntos significa ser tecelões de unidade, partindo da nossa dignidade comum de filhos de Deus; significa caminhar lado a lado, sem pisar ou subjugar o outro, sem alimentar invejas ou hipocrisias, sem deixar que ninguém fique para trás ou se sinta excluído”, aponta.
O Papa sustenta que “caminhar juntos, ser sinodal” é “a vocação da Igreja”.
“Os cristãos são chamados a percorrer o caminho em conjunto, jamais como viajantes solitários. O Espírito Santo impele-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro de Deus e dos nossos irmãos, e nunca a fechar-nos em nós mesmos”, indica.
Francisco refere que bispos, sacerdotes, pessoas consagradas e leigos devem trabalhar juntos, com “gestos concretos”, desafiando todos a uma “conversão à sinodalidade”.
“Temos uma atitude acolhedora em relação àqueles que se aproximam de nós e a quantos se encontram distantes? Fazemos com que as pessoas se sintam parte da comunidade ou se as mantemos à margem?”, questiona.
“Nesta Quaresma, Deus pede-nos que verifiquemos se nas nossas vidas e famílias, nos locais onde trabalhamos, nas comunidades paroquiais ou religiosas, somos capazes de caminhar com os outros, de ouvir, de vencer a tentação de nos entrincheirarmos na nossa autorreferencialidade e de olharmos apenas para as nossas próprias necessidades”.
A Quaresma é um tempo litúrgico, de 40 dias (a contagem exclui os domingos), que tem início com a celebração de Cinzas (05 de março, em 2025), marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência; serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão (este ano a 20 de abril).
(Com Ecclesia e Vatican News)