“É uma profunda `dor de alma´ ouvir que não há pobres”- Bispo de Angra

D. Armando Esteves Domingues pede que “ninguém fique esquecido” e lamenta que se ignore a pobreza

Foto: Igreja Açores/Hugo Silva

O prelado diocesano, que presidiu esta manhã à Missa de Natal na Sé de Angra, desafiou todos os cristãos a abrir as portas “do coração e da misericórdia” aos irmãos para que a esperança nunca morra.

“Há uma esperança nova para nós neste Natal. Cristo repete-nos que, diante de Deus, valemos não tanto pelo que fomos, mas pelo que somos e sonhamos ser” afirmou D. Armando Esteves Domingues ligando o Natal ao Jubileu da Esperança que ontem se iniciou com a abertura da primeira Porta Santa de Roma, a Basílica de São Pedro.

“Este é um tempo propício para portas abertas: abriu-se o céu para descer o Salvador, abriu-se o coração humano para O acolher, abriram-se as casas para O receber e festejar na harmonia da família e amigos. Agora, abram-se os braços para abraçar” afirmou esta manhã o bispo de Angra.

“É uma profunda `dor de alma´ ouvir que não há pobres. É porque não se escuta, não se tem a porta aberta a quem passa e encontramos, nem que seja para escutar por minutos, para dar uma palavra amiga, dar um incentivo a ir em frente ou ajudar nas pequenas coisas. Jesus prometeu estar sempre connosco” alertou.

“Abram-se as portas da misericórdia e do perdão!” disse salientando  que “o cristão pelo batismo nasce para viver com as portas abertas e sair ao encontro dos irmãos, contruir laços fraternos e amizades duradouras e generadoras de esperança. Que ninguém fique esquecido. Ele não se esquece de ninguém, nem desiste de ninguém!” referiu ainda,  nomeando todos e cada um dos que pretendia abraçar neste Natal, especialmente os que “estão privados da sua liberdade, porque cometeram erros e cumprem penas, os que se encontram em situação de dependência de drogas ou vícios, as vítimas de situações insustentáveis de marginalização e descarte”. O prelado teve ainda presentes todos os profissionais ou voluntários que trabalham na tarefa de vigiar, acolher, escutar e integrar os que vivem na rua, na doença e desesperanças da vida, referindo-se igualmente aos “guardas prisionais, militares e forças de segurança, os profissionais de saúde, os técnicos sociais e grupos associativos ou informais que se empenham por garantir direitos e deveres iguais para todos”, os “grupos caritativos, visitadores e cuidadores de doentes, de presos e pobres, desde logo, no serviço voluntário nas mais pequenas ou grandes paróquias”.

“É este o grande assombro do Natal. Enquanto o homem quer subir, comandar, acumular bens, Deus deseja descer, servir e dar-se em amor. Ele traz uma nova ordem ao coração” referiu repetindo uma das ideias chaves desta mensagem de Natal que este ano foi dirigida a todos os diocesanos a partir do Estabelecimento prisional de Angra e que será transmitida esta noite depois do Telejornal, na RTP Açores.

“No meio de tantos horrores de guerras, destruição, ódios e vinganças, no meio de tantos que parecem ignorar Deus, é Ele mesmo que, mais uma vez, vem até nós e nos lança um grito de esperança! Esse grito vem de Cristo feito porta e por quem podemos entrar e encontrar a salvação” referiu.

“Dirijo os meus mais sinceros votos de paz, alegria e esperança a cada mulher e a cada homem desta diocese e os espalhados pela diáspora açoriana, especialmente àqueles que se sentem sem esperança pela sua condição existencial”.

“ Vamos juntos encarar 2025 caminhando na Esperança para alcançarmos um futuro de paz, um futuro de amor e liberdade. O céu já se abriu, o Salvador desceu e traz esperança aos nossos sonhos porque a Deus nada é impossível. Boas Festas”, concluiu.

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