Visita pastoral termina este domingo. Hoje e amanhã, D. Armando Esteves Domingues estará no Topo e na Calheta, respetivamente
O bispo de Angra desafiou esta tarde os jorgenses das paróquias de Rosais e Santo Amaro a apostar na inter-paroquialidade, abrindo-se à experiência de uma nova organização territorial.
“A partir do próximo ano não haverá mais seis padres na ilha e isso significa que teremos de apostar numa nova organização pastoral, criando porventura cinco zonas, que já são quase naturais. Continuem a apostar na inter-paroquialidade”, disse o bispo de Angra na homilia que proferiu durante a missa, que reuniu ao fim do dia em Santo Amaro as quatro comunidades paroquiais daquela zona das Velas, ilha de São Jorge.
“Precisamos do apoio de todos, vamos continuar nesta esperança, caminhando e procurando integrar os ajustes que forem necessários. Faltam vocações na Igreja. Rezemos juntos também por elas”, disse o prelado que já havia sido confrontado com esta questão da falta de sacerdotes no lugar da Queimada, que é na zona de Santo Amaro a Igreja com maior participação dominical segundo a Comissão da Igreja, que reuniu com o prelado. Nas imediações geográficas do curato dedicado a Nossa Senhora da Boa Hora estão, ainda, duas ermidas, uma dedicada a Nossa Senhora da Luz e outra a São Vicente.
A partir da liturgia proclamada, na festa de Santa Luzia, que se assinalou esta sexta-feira, D. Armando Esteves Domingues pediu aos presentes para serem um pouco da luz de Cristo neste Natal.
“Somos enxertados em Cristo e ele tornou-nos capazes de dar frutos bons. Lançai sementes, favorecei a leitura da Palavra de Deus” apelou ainda.
“Não sejamos uma geração com desculpas para não ouvir a Palavra de Deus. Só escutando a Palavra de Deus poderemos aprender a construir comunidade e ela tem de ser assente em Jesus. Precisamos da palavra que sustenta a doutrina e fundamenta as ações” disse ainda salientando que “num tempo de confusão, não podemos puxar cada um para seu lado. É Jesus que nos une e o mundo precisa desta certeza que é Cristo”, disse.
“Se formos fiéis à Palavra de Deus na Eucaristia e no mundo, o Espírito Santo guiar-nos-à”, concluiu.
Esta concelebração contou com a participação das quatro comunidades desta zona do concelho das Velas- paróquias dos Rosais e Santo Amaro e curatos de Toledo e Queimada- que tem como pároco o padre Sandro Costa, o mais novo sacerdote da ilha em idade e tempo de ordenação. O Conselho Pastoral desta zona também já é inter-paroquial, contando com representantes da catequese, da juventude, da liturgia, da comunicação, do CNE e representantes de cada uma das comissões das quatro comunidades.
Para trás neste dia ficou uma visita a instituições sociais e culturais das freguesias bem como uma visita à Casa de Repouso João Inácio de Sousa, que acolhe 80 idosos e ajuda mais 43 em regime de apoio domiciliário e, ainda acompanha, 25 utentes do Centro de Dia. Esta instituição contou com a colaboração das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição até há quatro anos.
O sétimo dia da visita pastoral do bispo de Angra a São Jorge começou cedo na paróquia dos Rosais, onde se realiza a maior festa de verão da ilha em honra de Nossa Senhora do Rosário, a 15 de agosto. Embora a maior devoção da ilha seja ao Senhor Santo Cristo da Caldeira, a dificuldade de acesso a este Santuário faz com que os Rosais concentrem o maior número de fiéis. A festa é coordenada pela Comissão da Igreja. Esta foi uma das zonas mais afectadas pela crise sísmica na Semana Santa de 2022. D. Armando Esteves Domingues visitou o Centro Paroquial do Emigrante, onde existem três salas de catequese, frequentada por 26 crianças e possui capacidade para acolher, em pernoita, 80 pessoas. Depois visitou o Império, celebrado particularmente no Pentecostes e Trindade, com os dois dias de bodo e o carro das Bandeiras. Depois visitou a ermida de São João Batista, no Parque Florestal das Sete Fontes.
Com 680 habitantes e 60 jovens em idade de catequese a paróquia das Rosais é porventura a única freguesia de São Jorge que concentra num só lugar todas as forças vivas da freguesia: Junta, Grupo Folclórico, Casa do Povo, Escuteiros e , ao lado , a Filarmónica União Rosalense.
Nesta primeira visita pastoral acompanhada pelo padre Sandro Costa, o bispo de Angra visitou um dos três agrupamentos do CNE da ilha, o Agrupamento 975 dos Rosais que tem 25 crianças entre Lobitos, exploradores e Pioneiros.
“Temos cada vez menos crianças e o encerramento das escolas nas freguesias acentuou este problema demográfico que afeta a vida dos escuteiros” referiu João Paulo Silva , dirigente. Os grupos da Urzelina e das Manadas já encerraram. Existe mais um agrupamento na ilha de São Jorge, mas é da AEP.
O Agrupamento dos Rosais tem 33 anos e é o mais jovem dos três agrupamentos.
A Filarmónica União Rosalense faz no próximo ano 90 anos e passa por dificuldades que se prendem com a falta de disponibilidade de dirigentes e de músicos. Ainda assim, possui uma escola de música com nove jovens. Já o Grupo Folclórico tem 42 elementos e foi criado em 1991.
Os Curatos de São José, no lugar de Toledo e o da Queimada, que tem como orago principal Nossa Senhora da Boa Hora, estão ligados à paróquia de Santo Amaro. A evocação de São José no Toledo é, porventura, a mais antiga na ilha. Com 40 habitantes e apenas quatro crianças na catequese, esta é a ermida açoriana que se situa no lugar mais elevado, a mais de 500 metros de altitude.
Já no curato de Nossa Senhora da Boa Hora, no lugar da Queimada, D. Armando Esteves Domingues apelou a que esta comunidade seja casa de acolhimento para muitos dos imigrantes que têm chegado à ilha por ali residir uma comunidade de trabalhadores cabo-verdianos. Com cerca de 300 habitantes , alguns já oriundos de outras paragens, mas também muitos casais jovens, o bispo pediu que a atenção fosse para eles.
No final da visita pastoral a estas quatro comunidades o Bispo de Angra reuniu com o Conselho Pastoral, selando desta forma a ideia de uma verdadeira comunhão eclesial destas comunidades jorgenses.
Para o pároco, padre Sandro Costa, esta visita representou um passo muito importante na coesão entre as quatro comunidades.
“Estou muito satisfeito e grato a estas comunidades, que conseguiram juntar-se e celebrar a fé em conjunto. Para o futuro fica o desejo de continuarmos a trabalhar juntos e cada vez mais de forma coesa” afirmou o sacerdote que viveu a sua primeira visita pastoral como pároco.
“Quando cheguei havia uma divisão muito grande. E desafiei-as a trabalharmos juntos e aceitaram muito bem esta proposta. Tenho muita esperança, assim como as comunidades também a têm, em relação ao futuro do que será a pastoral de conjunto em São Jorge”, disse ainda visivelmente satisfeito pelo facto da visita ter corrido bem e contado com a presença de um número muito significativo de elementos das diferentes comunidades.