“Nós nunca desanimamos diante das tragédias e hoje é dia de nos unirmos às Flores”, disse D. Armando Esteves Domingues

Missa do 5º dia da Visita pastoral a São Jorge lembra vítimas do acidente aéreo no Pico da Esperança

Todos os sacerdotes que servem em São Jorge estiveram reunidos na concelebração que evocou a memória das vítimas da tragédia aérea do Pico da Esperança, que esta quarta feira completou 25 anos e foi assinalada na Igreja de Santo António, na unidade pastoral dos Nortes.

Aos inúmeros fiéis que marcaram presença nesta celebração o bispo de Angra pediu “união às Flores” neste momento em que lembramos as vítimas e as suas famílias, em particular o padre Júlio Soares que faleceu neste acidente e estava ligado a esta paróquia e a esta ilha.

“O padre Júlio Soares esteve ligado à construção da Igreja de Santo António. Hoje lembramos todos aqueles que estiveram envolvidos nesta tragédia, sobretudo as famílias que sofreram na carne as consequências desta tragédia. Queremos que esta Eucaristia seja a celebração da esperança. Nós não desanimamos diante das tragédias porque confiamos na certeza da ressurreição que nos espera e caminhamos, por isso, animados pela esperança” afirmou D. Armando Estes Domingues, a propósito do acidente que vitimou 35 pessoas, 22 das quais das Flores, que iam a bordo do ATP da SATA Air Açores “Graciosa” que fazia a ligação entre Ponta Delgada e Flores, tendo embatido no Pico da Esperança em São Jorge.

A partir da liturgia, o prelado diocesano pediu aos fieis que não se deixem abater pelas contrariedades do dia-a-dia e procurem “alargar horizontes”.

“A Igreja é esta família em Cristo  e, ainda que pensemos de forma diferente, procuremos caminhar juntos para além das nossas próprias circunstâncias” disse D. Armando Esteves Domingues antecipando aquela que é a realidade concreta do terreno que poderá no futuro obrigar a uma renovação da organização pastoral no terreno. Paulatinamente, a Igreja jorgense tem procurado criar equipas interparoquiais, criando pequenas unidades pastorais mais adequadas à realidade demográfica da ilha. Já é assim no Topo e é assim também na zona dos Nortes onde , pelo menos duas paróquias e um curato já trabalham mais em conjunto, seja na catequese seja noutras áreas pastorais sem que cada paróquia perca a sua identidade e vida próprias.

“Vamos fazer caminho para ver se daqui a uns anos já conseguimos amar a paróquia vizinha como se fosse a nossa” apelou  o bispo de Angra salientando que “a paróquia será mais quanto mais unida estiver a outras”.

Esta quarta-feira, D. Armando Esteves Domingues passou o dia na unidade pastoral dos Nortes que integra as paróquias do Norte Grande e Norte pequeno, Santo António e Ribeira da Areia.

É uma zona que está muito desertificada, que vive essencialmente do sector primário e já sem escolas a funcionar. E, embora a Fajã do Ouvidor tenha crescido em número de habitantes permanentes, a verdade é que a maioria dos lugares tem cada vez menos população e a que existe é cada vez mais idosa.

Nesta zona da ilha de São Jorge vivem cerca de 500 pessoas e no total há cerca de 40 crianças nas diferentes catequeses.

O dia começou com um pequeno- almoço na Casa do Espírito Santo do Norte Grande, seguido da oração de laudes.

“Que bom é sentirmo-nos em família na Igreja” começou por dizer D. Armando Esteves Domingues, salientando que, para o bispo, sentir que os padres são acarinhados pelas suas comunidades “é uma grande alegria”.

Curiosamente o sacerdote que serve nesta zona de São Jorge, padre Pedro Aguiar fez o percurso inverso ao do padre Júlio Soares , uma das 35 vítimas mortais do Voo da Sata que se despenhou em São Jorge.

“O padre Júlio soares foi dos Nortes para as Flores e o atual padre, Pedro Aguiar vem das Flores para os Nortes. Um sacerdote não tem esposa, não tem filhos… mas tem a comunidade e ver como vocês estimavam o padre Júlio e agora estimam o padre Pedro é muito comovente”.

No périplo de D. Armando esta quarta-feira esteve, entre outros, uma visita à Igreja do Norte Grande que se encontra em obras de conservação, restauro e pinturas, e que no século XVIII foi abrigo de freiras e responsáveis fugidos dos piratas;  outra visita às Igrejas de Santo António, Ribeira da Areia e Norte Pequeno, bem como a várias instituições e organismos relacionados com as devoções populares mas também  com dinâmica cultural, recreativa e social.

Da parte da tarde, o prelado visitou uma das comunidades mais pequenas desta unidade pastoral , que recebeu nos últimos anos a chegada de alguns casais mais jovens. Aliás a família é uma das áreas pastorais que mais expressão tem nesta zona de São Jorge.

“Sempre que o homem ou a mulher se ocupam de uma tarefa o outro cônjuge assume também essa papel, ajudando. O compromisso do casal é fundamental” disse ainda.

Na visita desta quarta-feira, D. Armando Esteves Domingues visitou algumas fajãs e esteve em ermidas que são propriedade das paróquias.

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