O bispo de Angra refere que a coincidência entre a data e a sua visita pastoral é oportunidade para a Igreja continuar a oferecer apoio, compreensão e força àqueles que ainda carregam a dor dessa perda
Completam-se esta quarta-feira, dia 11 de dezembro, 25 anos da queda do avião ATP “Graciosa” da SATA Air Açores, proveniente de Ponta Delgada e com destino às Flores, que embateu no Pico da Esperança em São Jorge. As 35 pessoas que viajavam a bordo, incluindo os tripulantes, perderam a vida.
A Igreja açoriana irá assinalar de forma especial esta efeméride numa Eucaristia Solene, às 19h30, na Igreja de Santo António, na Unidade Pastoral dos Nortes, com a participação de todo o clero da ilha, que acompanhará o bispo diocesano.
Em declarações ao Sítio Igreja Açores, o prelado que se encontra em visita pastoral à ilha diz que a “coincidência” entre esta data fatídica para a história açoriana e a sua visita pastoral “é uma oportunidade para unimos a nossa oração” e prestarmos homenagem às vítimas e às suas famílias.
“Que possamos continuar a oferecer apoio, compreensão e força àqueles que ainda carregam a dor dessa perda” afirmou o bispo de Angra à margem da visita que está a efetuar esta terça-feira à paróquia das Manadas.
“Ao longo destes 25 anos, São Jorge e os Açores mostraram uma incrível resiliência. A tragédia não só nos lembrou da fragilidade da vida, mas também da força da nossa comunidade em superar momentos de dor e de perda” afirmou ainda D. Armando Esteves Domingues.
“A tragédia não deve ser esquecida mas é a esperança que nos move. À entrada para o ano do Jubileu da Esperança confiemos a Deus a nossa oração e vontade de caminharmos juntos. Um abraço para as Flores, ilha que tanto sofreu com estas perdas de vidas humanas” concluiu o prelado, que esta terça feira passou o dia na paróquia das Manadas a onde às 19h00, presidirá à Eucaristia.
O ATP “Graciosa”, depois de uma escala prévia no aeroporto da Horta, despenhou-se no Pico da Esperança, na ilha de São Jorge, semeando novamente a tragédia num arquipélago que já tinha sofrido inúmeras catástrofes na década de 90, com as das cheias da Povoação (1996) e as derrocadas da Ribeira Quente (que mataram 29 pessoas em 1997), ambas em São Miguel; e o sismo do Faial (que matou 8 pessoas em 1998), que afectou as ilhas do Pico e de São Jorge.
O Bispo de Angra de então, D. António de Sousa Braga, foi dos primeiros a chegar ao local do acidente procurando dar apoio às comunidades que estavam em choque. A bordo do avião seguia um sacerdote, o padre Júlio Soares que servia nas Flores.
Segundo o relatório da autoridade aeronáutica, o voo fez um desvio sem que a tripulação se apercebesse que estava já a cruzar a linha da costa norte de São Jorge. Três segundos antes do primeiro impacto, o alarme do “Graciosa” soou. Nessa altura, o co-piloto alertou para a perda de altitude do avião e de “estar em cima de São Jorge”. É então que piloto (com mais de 20 anos de experiência) e co-piloto, instintivamente, aumentam as potências dos motores, mas tarde de mais.
A manobra foi “insuficiente” para evitar a colisão, que causou uma violenta explosão e deixou o avião totalmente destruído. Depois de descolar às 8.37 do aeroporto da Horta, o “Graciosa” fez 34 minutos depois o seu último contacto com terra.
O relatório da Comissão de Inquérito ao acidente, divulgado pelo Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC), indica que o aparelho embateu no Pico da Esperança por falha humana. O avião não respeitou a altitude de segurança, foi orientado por uma navegação estimada imprecisa e +não utilizou correctamente o radar de tempo.
O relatório do INAC concluiu ainda que a aeronave “estava em condições de navegabilidade de acordo com os regulamentos e procedimentos aprovados pela autoridade aeronáutica”.