Padre Dinis Silveira tem estado no terreno a preparar a Visita Pastoral do bispo de Angra, que se inicia a 7 de dezembro e garante que a ilha está entusiasmada em se reorganizar
A pouco mais de uma semana do início da Visita Pastoral do bispo de Angra a São Jorge, a segunda do seu episcopado, o padre Dinis Silveira garante que as dificuldades resultantes de uma ilha grande em território, mas cada vez mais despovoada, são um desafio à igreja para se reorganizar tendo em vista os novos problemas com que a ilha se depara.
“As comunidades, embora cada vez mais pequenas e dispersas, têm vontade de trabalhar e vivem bem a sua fé e estão disponíveis” refere o padre Dinis Silveira numa entrevista ao programa de Rádio Igreja Açores que vai para o ar este domingo, depois do meio dia na Antena 1 Açores e no Rádio Clube de Angra.
“Temos estado a trabalhar em conjunto e tem sido muito positivo. Há que superar uma certa visão clericalista da Igreja, seja da parte dos clérigos seja da parte dos leigos, de tal maneira que a Igreja é povo de Deus, comunhão de batizados, cada um com a sua missão, mas todos absolutamente indispensáveis e responsáveis por aquilo que a Igreja é neste mundo”, prossegue o sacerdote que tem procurado desde que é ouvidor promover verdadeiras comunidades eclesiais, responsabilizando cada vez mais os leigos.
“A formação é fundamental. É preciso identificar as necessidades, formar as pessoas, capacitando-as e depois responsabilizá-las pela missão” refere salientando o trabalho que tem estado a ser feito junto dos catequistas mas também nas estruturas onde se concretiza a sinodalidade como são os conselhos pastorais paroquiais ou de zona e os conselhos económicos.
“O grande desafio é pensar a ouvidoria de forma a que não seja para manter a Igreja daqui a 10 ou 15 anos, mas que tenha a capacidade de antecipar o que seremos daqui a 10 anos ou 15 anos, o que é consideravelmente diferente” refere.
“Tem sido esta a ideia: responsabilizar todos, a partir de uma formação estruturada, capacitando as pessoas para assumirem a sua responsabilidade na missão que é a do anúncio de Cristo vivo no meio do mundo; caso contrário andaremos a combater moinhos de vento, numa manutenção estéril, que não leva a nada” sublinha ainda.
“As pessoas não deixaram de ser religiosas, aliás continuam a ser muito religiosas; muitas vezes parece que deixaram é de ser cristãs. Elas continuam a precisar da transcendência pois é nela que encontram sentido para a sua vida, mas nós não temos sabido responder às suas necessidades”, destaca.
“Às vezes parece que queremos manter por manter e corremos o risco de sermos insignificantes e até eivados de uma certa incoerência perante o tempo que vivemos” salienta ao afirmar que “se formos avaliar, as pessoas continuam a querer ter espiritualidade e a terem momentos de interioridade e meditação mas se a Igreja não está à altura e os cristãos não têm a capacidade necessária para evitar que a Igreja se arraste, para além das tradições, corremos o risco de sermos insignificantes e em São Jorge não é diferente”, diz.
No que respeita à Visita Pastoral, propriamente dita, o padre Dinis Silveira sublinha a alegria que as comunidades estão a viver por “receber o pastor de forma a que ele perceba as alegrias, as esperanças e as dificuldades” cientes de que se trata “de um momento alto na vida eclesial: receber o pastor de forma a que ele perceba as alegrias, as esperanças e as dificuldades”.
O sacerdote salienta a “disponibilidade” para o trabalho, revelada já nos diversos órgãos de comunhão eclesial.
“Temos identificados os problemas, o que somos e o que seremos e que respostas poderemos e teremos que dar; se quisermos seremos capazes de muito” enfatiza o sacerdote que é pároco no Topo e Santo Antão.
“A questão demográfica, a dispersão, a pequenez das comunidades são questões que dificultam mas que nos desafiam a pensar na criação de uma nova visão de organização pastoral com a criação de unidades pastorais de ilha, em que ninguém perca a sua identidade mas possa pensar uma identidade nova a partir de cada realidade existente” refere.
Por outro lado, “a forma de exercer o ministério nessas novas realidades pastorais, o reconhecimento da necessidade da corresponsabilidade da comunhão com os irmãos leigos, a questão dos imigrantes, são tudo matérias de que estamos cientes tal como já começámos a refletir nas soluções.
“Se assim for há esperança”, diz o sacerdote.
A Visita Pastoral começa no dia 7 e prolonga-se até dia 15 de dezembro. Durante esse período o prelado estará com todas as comunidades.
A entrevista do padre Dinis Silveira vai para o ar, na íntegra, este fim de semana depois do meio dia no Rádio Clube de Angra e no Sítio Igreja Açores.